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Brasil

EBC lança projeto para orientar políticas de equidade de raça, gênero e orientação sexual



25.07.2016


EBC lança projeto para orientar políticas de equidade de raça, gênero e orientação sexual/

O Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) lançou, na segunda, 25 de julho, na sede da empresa, em Brasília, o Censo EBC, iniciativa está alinhada com o plano de ação do Programa Pró-Equidade, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. O evento marca o pontapé inicial para a campanha interna que visa a sensibilizar o corpo funcional da empresa para se autodeclarar a respeito de cor, gênero, orientação sexual e nível de escolaridade.

Por meio de questionário, cada empregado será convidado a se autodeclarar de forma voluntária a respeito de sua cor, gênero, orientação sexual e nível de escolaridade. Com isso a empresa pretende reafirmar a igualdade de oportunidade para todos os empregados. As informações prestadas por meio do questionário divulgado internamente terão garantia de sigilo absoluto e só serão usadas para fins estatísticos.

O objetivo do Programa Pró-equidade de Gênero e Raça da EBC com o Censo é mapear e acompanhar a evolução do corpo funcional da Empresa. “A iniciativa é a espinha dorsal do programa de pró-equidade”, define Mara Régia, radialista da Rádio Nacional de Brasília e membro do Comitê. “A gente precisa saber qual é a nossa cara. Quem são as mulheres dessa empresa, quem são as negras que aqui estão ocupando que cargos, que postos de chefias?”.

O Censo é, explica Mara, a principal ferramenta para o diagnóstico, planejamento e intervenção, na definição de objetivos e prioridades para implementação de políticas. “É por meio do Censo que políticas de gestão serão criadas e desenvolvidas para melhor implementar igualdade de oportunidade para todas as pessoas independentemente de sexo, de cor ou de orientação sexual”, afirma. Os dados coletados também embasarão os processos seletivos internos e de progressão funcional, bem como os projetos de capacitação, qualidade de vida e combate a todas as formas de discriminação ou assédio.

O resultado do Censo vai contribuir ainda para a formação de novas concepções de gestão e, principalmente, na cultura organizacional da empresa, ampliando a diversidade em produtos e estimulando as empresas parceiras a considerarem a equidade em sua gestão.

Pioneirismo – O diretor-presidente da EBC, Ricardo Melo, destacou que o Censo é iniciativa pioneira que orgulha a EBC. Segundo ele, a coleta das informações é essencial e reflete a missão e os valores que fundamentam a instituição. “É dessa forma que nós podemos mapear a sociedade que existe, não a dos números frios.” Ricardo elogiou ainda o trabalho do Comitê, “ele tem a importância de mostrar que o que a EBC pretende ser para fora reflete o que ela é aqui dentro”.

O pesquisador e membro do Conselho Curador da EBC, Joel Zito de Araújo, incentivou os empregados para que participem do Censo. “Nós não podemos desconhecer que historicamente o brasileiro sempre fugiu de assumir a sua diversidade racial assim como o diabo foge da cruz”, pontuou. Ele lembrou como as ideologias do branqueamento e a preponderância de estereótipos brancos de sucesso na mídia fez com que pardos e negros quisessem fugir da sua origem e negar a questão racial. “Não vamos conseguir superar essas desigualdades se não tivermos coragem de assumir quem nós somos”, enfatizou.

Políticas Públicas
– A representante da Seppir, Renata Melo, que também é historiadora, destaca a importância de que haja coleta de informações para que se possa desenvolver políticas públicas eficazes. “É fundamental pensar na construção de políticas públicas através de informações que sejam próximas à realidade”. Ela acredita que uma iniciativa como a da EBC pode contribuir efetivamente para que se consiga mostrar retrato preciso da diversidade brasileira. “E nós sabemos que historicamente vivemos o mito da Democracia racial, de que aqui não há conflitos, que não já problemas, mas constatamos que em pleno século XXI esses conflitos, essas diferenças existem”.

A representante da ONU Mulheres, Isabel Clavelin, elogiou a EBC, ressaltando que o Censo se coaduna com as ações do organismo, especialmente o Por um planeta 50 50, que visa a promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres até 2030. “Esse movimento que se inaugura hoje se coloca nessa direção”, destaca. “Com o Censo será possível identificar onde estão, quem são, em que posições e por que determinadas pessoas ocupam os espaços de decisão”. Para ela, esse é passo essencial para que haja realmente mudanças na direção da equidade.