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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Em Roraima, ONU Mulheres, ACNUR e UNFPA anunciam programa conjunto para empoderamento econômico de mulheres refugiadas e migrantes



24.11.2021


Com financiamento do Governo de Luxemburgo, programa tem entre as metas alcançar ao menos 15 organizações com planos de ação para o empoderamento de mulheres, 15 mil mulheres com treinamentos para empreendedorismo e mercado de trabalho no Brasil e mais de 3 mil mulheres com serviços de resposta à violência baseada em gênero. Iniciativa segue em implementação até o final de 2023 

 

Representantes da ONU Mulheres, do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) estarão em Roraima entre os dias 29 de novembro e 1° de dezembro para acompanhar o embaixador do Grão-Ducado de Luxemburgo no Brasil, Carlo Krieger. A missão irá marcar o início dos trabalhos do Programa Conjunto Empoderamento Econômico de Mulheres Refugiadas e Migrantes no Brasil. Financiado pelo Governo de Luxemburgo e implementado pelas três agências da ONU, o programa iniciou em agosto e se estenderá até dezembro de 2023, priorizando a integração socioeconômica de mulheres refugiadas e migrantes vindas da Venezuela. 

O objetivo geral do programa é garantir que políticas e estratégias de empresas e instituições públicas e privadas fortaleçam os direitos econômicos e as oportunidades de desenvolvimento para venezuelanas refugiadas e migrantes. Para alcançar esse objetivo, a iniciativa é construída em três frentes. A primeira trabalha diretamente com empresas, instituições e governos nos temas e ações ligadas a trabalho decente, proteção social e empreendedorismo. A segunda aborda diretamente mulheres refugiadas e migrantes, para que tenham acesso a capacitações e a oportunidades para participar de processos de tomada de decisões ligadas ao mercado laboral e ao empreendedorismo. E a terceira frente trabalha com refugiadas e migrantes, para que tenham conhecimento e acesso a serviços de resposta à violência baseada em gênero. 

Para o Governo de Luxemburgo, seguir apoiando ações de empoderamento econômico de mulheres e de resposta ao fluxo migratório no Brasil está entre as prioridades da cooperação internacional. “Estamos felizes em dar apoio, ouvir e saber que podemos trabalhar juntos nessa resposta. Encorajamos o trabalho das três agências, sob a liderança da ONU Mulheres”, reforçou o embaixador do Grão-Ducado de Luxemburgo no Brasil, Carlo Krieger. 

Nas três frentes de atuação, o programa conjunto apresenta metas ousadas.  Entre elas estão o desenvolvimento de ao menos 15 planos de ação para o empoderamento de mulheres refugiadas e migrantes por empresas e organizações apoiadas pelo programa, além da capacitação de 15 mil mulheres venezuelanas refugiadas e migrantes em temas de empreendedorismo, trabalho autônomo, educação financeira, com acesso a oportunidades no mercado laboral e beneficiadas com transferências financeiras. O programa conjunto visa alcançar mais de 3 mil mulheres e meninas venezuelanas refugiadas e migrantes no apoio ao acesso a serviços de resposta à violência de gênero. E, junto a organizações e governos, pretende fortalecer as capacidades de 6 mil profissionais de instituições envolvidas na resposta humanitária para prevenir e responder casos de exploração, abuso e assédio sexual. 

Entre os resultados, o programa espera que mais empresas do setor privado ofereçam oportunidades de treinamento e de emprego para mulheres venezuelanas e que as iniciativas de integração socioeconômica de pessoas refugiadas e migrantes no Brasil sejam mais sensíveis às questões de gênero – não apenas nos estados onde o programa conjunto terá ações, mas em todo o país. 

“Refugiadas e migrantes venezuelanas costumam enfrentar múltiplas formas de discriminação direcionadas a elas como mulheres e relacionadas à sua etnia, condição social e econômica, idioma, etc. Nosso programa visa apoiar a integração socioeconômica dessas mulheres para que elas tenham igualdade de oportunidades e de acesso a tomadas de decisão, empregabilidade, atendimentos de saúde, educação e demais serviços no Brasil”, afirma a representante da ONU Mulheres no Brasil, Anastasia Divinskaya. 

Interiorização – Parte importante das ações que serão realizadas por meio do programa conjunto Empoderamento Econômico de Mulheres Refugiadas e Migrantes no Brasil se dá a partir do processo de interiorização – quando venezuelanas e venezuelanos são levados voluntariamente de Roraima para outros estados do Brasil. Segundo fontes oficiais, são mais de 60 mil pessoas interiorizadas.  

“Existem mais de 260 mil pessoas refugiadas e migrantes venezuelanas no Brasil, que estão sendo afetadas pela pandemia. Enquanto apoiamos a resposta humanitária emergencial do governo brasileiro, continuamos a buscar soluções duradouras para esta população”, ressalta o representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas. “É muito importante o apoio do Governo de Luxemburgo e a parceria entre as três agências para seguir com a resposta. Teremos agora a oportunidade de expandir a proteção fortalecendo a integração socieoconômica de mulheres refugiadas e migrantes”, completou. 

Para a representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant, o programa conjunto está atento a esses índices, agravados pela pandemia – não apenas entre a população economicamente ativa, mas também entre adolescentes e jovens. “O Brasil é um dos países que permaneceu por mais tempo com as escolas fechadas em decorrência da pandemia, e isso terá um impacto importante no mercado de trabalho. Meninas e meninos, incluindo refugiadas e migrantes, que deveriam estar na escola, mas não estavam, vão começar suas carreiras nesse cenário, com menores condições e oportunidades. Isso terá um impacto direto nos níveis de renda dessa população”, explicou. Fortalecer a independência financeira de mulheres refugiadas e migrantes, segundo a representante do UNFPA, poderá amenizar esses impactos a longo prazo. 

Ações conjuntas na resposta – Este é o segundo programa conjunto na resposta ao fluxo venezuelano coordenado pela ONU Mulheres, UNFPA, ACNUR e financiado pelo Governo de Luxemburgo. Apenas entre 2019 e 2020, o programa conjunto LEAP – Liderança, Empoderamento, Acesso e Proteção para Mulheres e Meninas Migrantes, Solicitantes de Refúgio e Refugiadas no Brasil, liderado pelas mesmas agências, alcançou mais de 18 mil mulheres com informação e acesso a mecanismos de proteção, cerca de 3 mil mulheres com iniciativas de empoderamento econômico e mais de 4 mil mulheres puderam participar da construção da estratégia e das ações em resposta ao fluxo venezuelano no Brasil. 

Agenda com autoridades locais – Durante os três dias da missão a Roraima, a comitiva  se reunirá com autoridades locais, com a coordenação da Operação Acolhida e com mulheres venezuelanas que têm assumido o papel de liderança em comunidades locais.   Está prevista uma viagem a Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, para que  integrantes da comitiva conheçam  as ações de acolhimento da população que chega ao Brasil em busca de refúgio e migração. A expectativa é que as reuniões constantes da agenda resultem em novas parcerias locais, na articulação para ações efetivas do programa conjunto e para identificar as demandas mais urgentes de mulheres e meninas venezuelanas que chegam ao Brasil. 

 

Atendimento à imprensa: 

Paola Bello – Especialista de Comunicação para o Programa Conjunto Empoderamento Econômico de Mulheres Refugiadas e Migrantes no Brasil 

paola.bello@unwomoen.org 

(11) 96075 2429