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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Nas palavras de Bruna Fonseca: “É muito importante darem oportunidades para pessoas trans, para pessoas que viviam da prostituição. Dar oportunidade para essas mulheres é inclusão; mostra que as pessoas trans podem sim ser inseridas em qualquer lugar”



17.05.2021


Bruna Fonseca é mulher trans, tem 35 anos, é de Belém (PA), mas vive em Salvador (BA) há 10 anos. É ativista dos direitos humanos, integra a Associação Baiana de Travestis, Transexuais e Transgêneros em Ação (Atração) e faz parte do projeto “Me chama pra dançar”, voltado pra escolaridade e empregabilidade da população trans.

 

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Bruna Fonseca é mulher trans, ativista dos direitos humanos, integra a Associação Baiana de Travestis, Transexuais e Transgêneros em Ação (Atração). Foto: Cortesia Bruna Fonseca

 

Desde que comecei na prostituição percebi algumas necessidades da população trans, que vive na extrema vulnerabilidade por falta de acesso e conhecimento sobre direitos básicos, como saúde e educação. Quando cheguei em Salvador continuei na prostituição, mas em 2019 fiz o curso Transformação, promovido pela ONU Brasil em parceria com a Antra1, o que trouxe a possibilidade de entender mais sobre direitos. A gente, população trans, às vezes não tem conhecimento sobre isso, e o curso Transformação veio pra transformar muitas vidas trans, pra que a gente pudesse entender o básico sobre nossos direitos. 

Mas desde sempre me reconheço como defensora dos direitos humanos, e não só da população trans, porque percebi que faltava uma defensora como euapesar de hoje sermos várias! Eu me sinto uma defensora pela nossa população que vive na extrema vulnerabilidade, que vive nas margens da prostituição e da sociedade, que é vista como marginal. Luto por igualdade e direitos.  

Durante um tempo ajudei muitas mulheres a fazerem a retificação de nome e gênero. Isso porque quando comecei a fazer a minha retificação precisei estudar para aprender como fazer; precisei fazer tudo sozinha. A partir daí muitas mulheres trans me procuraram para pedir ajuda. 

Hoje trabalho no projeto “Me chama pra dançar” e não estou mais na prostituição. É muito importante darem oportunidades para pessoas trans, para pessoas que viviam da prostituição. Dar oportunidade para essas mulheres é inclusão; mostra que as pessoas trans podem sim ser inseridas em qualquer lugar. 

Uma das coisas que precisa mudar pra acabar com a transfobia e preconceito em geral, como o racismo estrutural, é a existência de mais políticas públicas. É preciso que as minorias tenham dignidade e espaço em todos os lugares. Quando a sociedade enxergar que o preconceito em si não leva a nada eu acho que o Brasil e o mundo vão ter menos transfobia e homofobia. A nossa população de pessoas trans e travestis sofre muito; ao sair de casa já sofre transfobia e preconceito, é preciso pensar em política pública pra gente ter o mínimo de dignidade para viver, pra sermos livres. 

Eu gostaria, nesse 17 de maio, Dia Internacional Contra a Homofobia e Transfobia, que as leis melhorassem para garantir empregabilidade digna para a população trans. Ainda mais nesse momento de pandemia da COVID-19, em que muitas mulheres trans e travestis estão na extrema vulnerabilidade e não conseguiram auxílio emergencial. 

Assista o vídeo para conhecer o impacto do curso Transformação: 

 

O curso Transformação é uma iniciativa da campanha Livres&Iguais, lançada em 2013 pelo Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) e que tem como objetivo promover direitos iguais e tratamento justo para pessoas LGBTI. O curso foi realizado em parceria com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e outros parceiros. A Antra é também parceira do projeto Conectando Mulheres, Defendendo Direitos, uma iniciativa da ONU Mulheres apoiada pela União Europeia que tem como objetivo fortalecer a atuação das defensoras de direitos humanos.