26.04.2024

A ONU Mulheres e o Comitê Olímpico Internacional inauguraram mais uma etapa de sua parceria para promover a inclusão de mais meninas e mulheres no esporte. No último sábado (20), teve início em Pedra de Guaratiba, no Rio de Janeiro, a implementação do módulo “UVLO Participa – Unidas pelo Direito ao Esporte”, que vai treinar 15 meninas no Brasil e outras 15 na Argentina entre abril e junho para que desenvolvam habilidades de participação cidadã e possam reivindicar o esporte como direito fundamental junto a governos e organizações esportivas.

Implementado no Brasil com apoio da ONG Empodera, o UVLO Participa é um legado do programa Uma Vitória Leva à Outra (UVLO), que usa o esporte para prevenir a violência de gênero e beneficiou mais de 2 mil meninas brasileiras entre 2015 e 2022. Nesta nova etapa, ex-alunas do Uma Vitória Leva à Outra vão trabalhar para identificar três barreiras prioritárias que historicamente afastam meninas como elas do esporte e construir coletivamente propostas de soluções para esses problemas.

“A expectativa é que as meninas possam ampliar sua perspectiva crítica sobre desigualdades de gênero no esporte e entender que suas vivências não são individuais, mas coletivas e estruturais, e assim se vejam como um coletivo capaz de e no direito de reivindicar melhores condições para as meninas no esporte”, explica Ivana di Mauro, coordenadora de projetos da ONG Empodera.

“O impacto esperado é que as meninas treinadas neste módulo se tornem agentes de transformação, jovens lideranças capazes de reivindicar direitos, de dialogar, de levar essas mensagens a suas famílias e comunidades, mas também de influenciar tomadores de decisão a transformar políticas e práticas na direção da igualdade de gênero a partir dos desafios que elas mesmas enfrentam na prática e as impedem de participar integralmente do mundo dos esportes”, avalia Debora Albu, gerente de projetos na ONU Mulheres.

Ao final do programa, as alunas participarão de missões em que apresentarão suas propostas para profissionais de organizações que gerem o esporte. Ao longo do processo, receberão treinamentos sobre liderança, participação cidadã e advocacy, além de lições específicas de comunicação, construção de narrativa e argumentação, para ajudar a influenciar os tomadores de decisão. As aulas são combinadas com oficinas de prática esportiva, com foco no futebol.

“Espero que os tomadores de decisão possam receber as meninas de braços abertos e que entendam que elas estão ali para dialogar, pensar junto. Essas meninas têm muitas vivências, e elas têm voz, então espero que os tomadores de decisão deem ouvidos a elas e que a gente possa construir propostas e estratégias junto com elas”, completa Ivana.

O projeto também prevê encontros das participantes com mulheres que já são referências no esporte, como atletas, gestoras, treinadoras e comunicadoras, para que troquem experiências e conhecimentos. O primeiro encontro contou com a atleta Laura Amaro, do levantamento de peso, que acaba de conquistar uma vaga para os Jogos de Paris 2024; a gestora de desenvolvimento esportivo do Comitê Olímpico do Brasil, Taciana Pinto, que também lidera a área Mulher no Esporte; e a jornalista Rafaelle Seraphim, comentarista dos canais de esporte da Globo.

“Projetos como o UVLO Participa são fundamentais para que essa nova geração de mulheres seja mais livre e empoderada. Quando elas chegarem lá na frente, vão olhar para trás e perceber que esses momentos de troca, de interação e de educação ajudaram a compor quem elas são como pessoas. Elas serão capazes de dar continuidade a esse trabalho de inclusão de mais mulheres no esporte, de mudar o mundo, e farão isso mais conscientes do que estão enfrentando”, avalia Taciana Pinto.

O módulo UVLO Participa integra o projeto Alavancando o esporte para a igualdade de gênero, os direitos humanos e uma vida livre de violência, lançado por ONU Mulheres e Comitê Olímpico Internacional em junho de 2023, que tem como objetivos principais: a) desenvolver a capacidade de meninas e mulheres de levantar suas vozes para defender seus direitos usando o esporte como meio; b) aumentar a capacidade do Estado e das organizações dos ecossistemas esportivo e social de formular, implementar e monitorar políticas, leis e estratégias para promover a igualdade de gênero por meio do esporte; e c) coletar boas práticas obtidas por meio da implementação de programas emblemáticos desenvolvidos nas regiões da América Latina-Caribe e da Ásia-Pacífico e explorar o potencial de ampliar os resultados.

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Olga Bagatini | olga.bagatini@unwomen.org