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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

ONU Mulheres lança cartilha sobre transversalização de gênero para organizações que trabalham em ações de emergência



06.12.2022


Material chama a atenção para as necessidades específicas e a diversidade das mulheres em respostas a emergências humanitárias, em especial ligadas ao empoderamento econômico; iniciativa faz parte do programa conjunto Moverse, implementado também por ACNUR e UNFPA

 

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Ismenia chegou sozinha ao Brasil, em busca de refúgio e tratamento contra um câncer; sua história ilustra as diferentes lentes da transversalização de gênero (Foto: ONU Mulheres Brasil / Paola Bello)

Os caminhos para a igualdade de gênero atravessam diferentes aspectos. Os esforços para que mulheres e meninas possam ter seus direitos garantidos e consigam alcançar oportunidades de forma igualitária são parte de uma estratégia global. Alinhados nesse entendimento, os Países-membros das Nações Unidas adotam diferentes estratégias, e uma delas é a transversalização de gênero, que considera as especificidades e diversidades entre mulheres e meninas para o desenvolvimento de diferentes ações e iniciativas – em todas as ações e em todas as etapas implementadas pela organização.

Para ampliar a percepção dessa estratégia entre entidades parceiras e interessadas, a ONU Mulheres lança “Transversalização de gênero: uma questão de direitos humanos”. O material foi desenvolvido a partir do programa conjunto Moverse – Empoderamento Econômico de Mulheres Refugiadas e Migrantes no Brasil, implementado conjuntamente com a Agência da ONU para Refugiados, o ACNUR, e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com o apoio do Governo de Luxemburgo.

O desenho de atividades a partir do olhar transversal de gênero é um exercício constante. Entender que mulheres e homens, meninas e meninos, têm necessidades específicas, mas que ainda assim são igualmente capazes de contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade é o ponto de partida para essa reflexão.

A cartilha elenca aspectos sobre a importância da integração da questão de gênero nas diferentes áreas e setores da sociedade, além de apontar brevemente de que maneira todos os agentes podem realizar abordagens que alcancem a transversalização. O material, que pode ser encontrado no formato digital no site da ONU Mulheres, também elenca pontos de atenção para a implementação de projetos pela ótica da igualdade de gêneros e descreve conceitos importantes ao se trabalhar com essa temática.

:: Baixe a cartilha

Lentes diversas da transversalização – Foi buscando tratamento médico para um câncer de tireoide que a venezuelana Ismênia, de 47 anos, chegou ao Brasil pela cidade de Boa Vista, em Roraima. Formada em enfermagem, mas sem conseguir validar seu diploma no Brasil, ela chegou sozinha buscando alternativas para se manter economicamente caso conseguisse o tratamento de saúde. Sua história é um exemplo da importância de se sobrepor diversas lentes da transversalização de gênero para olhar tanto para suas demandas quanto para os sistemas que estarão envolvidos em seu atendimento.

Para atender sua demanda de saúde, por exemplo, a rede deve estar sensibilizada tanto para as questões de saúde da mulher quanto para as especificidades que ela, como mulher refugiada, possa apresentar – como a falta de documentos e a dificuldade com o idioma, por exemplo. O mesmo deve ser considerado pelas entidades que trabalham o empoderamento econômico e a capacitação dela para o mercado de trabalho. Assim, a lente do gênero é vista junto com as lentes do status migratório, da situação econômica, da situação de saúde, entre outras.

A sensibilização para as questões ligadas às demandas de mulheres refugiadas e migrantes entre as entidades que trabalham na resposta humanitária em Roraima foi importante para que Ismenia conseguiu ter acesso ao tratamento de saúde, assim como a cursos que a prepararam para ingressar no mercado de trabalho brasileiro. Ela foi uma das dezenas de mulheres capacitadas por meio do projeto Empoderando Refugiadas, conduzido por ACNUR, Pacto Global e ONU Mulheres.

Após semanas de cursos e capacitações, ela foi convidada para um processo seletivo de uma vaga em Brasília. Ainda que a colocação de trabalho a deixasse mais distante da família, que permanecia na Venezuela, ela entendeu que aquela seria a oportunidade de avançar em sua nova história de vida. Entre as mais de 60 pessoas que participaram da seleção, Ismenia foi uma das escolhidas. “Eu não podia voltar, porque com a minha doença, eu já estava em tratamento há muito tempo e não podia voltar para o meu país”, revela ao se lembrar da aprovação e da dificuldade que enfrentaria se decidisse voltar.

Hoje Ismenia é anfitriã em uma rede de fast food e lida diretamente com os clientes, atuando como uma embaixadora da experiência das pessoas que frequentam o restaurante. Reconstruindo sua vida no Brasil, ela quer ir mais longe e voltar a trabalhar em sua área de formação. “Tenho meu trabalho, tenho minha independência, moro sozinha. Tenho como meta e sonho trabalhar com Enfermagem, é pra isso que eu me formei”, conta.

Conheça, no vídeo a seguir, um pouco mais sobre sua história:

Sobre o Moverse – Iniciado em setembro de 2021, o programa conjunto Moverse – Empoderamento Econômico de Mulheres Refugiadas e Migrantes no Brasil é implementado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), ONU Mulheres e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com o apoio do Governo de Luxemburgo. O objetivo geral do programa, com duração até dezembro de 2023, é garantir que políticas e estratégias de governos, empresas e instituições públicas e privadas fortaleçam os direitos econômicos e as oportunidades de desenvolvimento entre venezuelanas refugiadas e migrantes. Para alcançar esse objetivo, a iniciativa é construída em três frentes. A primeira trabalha diretamente com empresas, instituições e governos nos temas e ações ligadas a trabalho decente, proteção social e empreendedorismo. A segunda aborda diretamente mulheres refugiadas e migrantes, para que tenham acesso a capacitações e a oportunidades para participar de processos de tomada de decisões ligadas ao mercado laboral e ao empreendedorismo. A terceira frente trabalha também com refugiadas e migrantes, para que tenham conhecimento e acesso a serviços de resposta à violência baseada em gênero. Para receber mais informações sobre o Moverse e sobre a pauta de mulheres refugiadas e migrantes no Brasil, cadastre-se na newsletter do programa em http://eepurl.com/hWgjiL