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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Com capacitação, apoio e muito trabalho, venezuelanas conquistam a casa própria no Brasil



14.05.2023


Enquanto a filha se concentrava em trabalhar formalmente e fazer uma poupança, Nancy trabalhava no cuidado da neta e do filho enfermo; depois de muito esforço e de colocar aprendizados em prática, elas comemoram a mudança para novo lar

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A venezuelana Nancy mostra com orgulho a casa que está construindo com a filha (Foto: UNFPA Brasil / Isabela Martel)

Adquirir a casa própria é um sonho para muitas famílias. Para quem chega ao Brasil como pessoa refugiada ou migrante, na maioria das vezes, esse sonho parece inatingível. Mas em Roraima, Nancy e a filha conseguiram mostrar que, com planejamento, trabalho e apoio, é possível construir um novo lar – e, melhor, um lar próprio.

Nancy tem 56 anos e chegou ao Brasil em 2018, pela fronteira em Pacaraima (RR). Veio em busca de tratamento médico para o filho, que sofre de epilepsia, acompanhada também da filha e de uma neta pequena. Logo que chegou à capital, Boa Vista, a família conseguiu espaço em uma ocupação espontânea, junto a outras dezenas de famílias venezuelanas. Foi lá que Nancy conheceu as iniciativas voltadas para o empoderamento econômico de mulheres refugiadas e migrantes conduzidos conjuntamente por ONU Mulheres, Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com o apoio do Governo de Luxemburgo.

“Na ocupação, começou uma história que jamais em toda a minha vida pensei que viveria aqui no Brasil. A primeira foi morar com tantas pessoas juntas”, lembra. “Conheci várias pessoas que me ajudaram com a questão do meu filho. E, com esse apoio, consegui também me envolver com as rodas de conversa que a ONU Mulheres levava para a ocupação – sobre empreendedorismo, por exemplo. Teve uma capacitação que durou três meses, e, nesse tempo, não faltei um dia sequer.”

Além de participar das capacitações, Nancy atuou como mobilizadora, chamando outras mulheres para também participarem das rodas de conversa e dos cursos oferecidos. “Eu não podia trabalhar, porque tenho que cuidar do meu filho, mas elas podiam. E eu as incentivava para que conhecessem mais como as coisas funcionam no Brasil. E eu participava, porque gosto muito de aprender e de compartilhar o conhecimento que recebo”, afirma. Dessa troca de experiências e de conhecimento, as mulheres da ocupação construíram uma rede de apoio e proteção que envolvia desde o cuidado com o lar até o auxílio em momentos delicados, como suporte em situações de violência doméstica.

Dentro de casa, o conhecimento adquirido também se multiplicava. “Desde que me separei do pai dos meus filhos, trabalhei e fui independente. Sempre ensinei a meus filhos que precisamos custear nossas casas e nossas despesas. Hoje, somos apenas eu, minha filha, meu filho enfermo e minha neta. Eu faço doces para ajudar no orçamento, e minha filha trabalha fora. Então, eu participo dos cursos e, depois, transmito o que aprendi a ela. Ela não consegue assistir às aulas e às palestras, então eu participo e conversamos à tarde e à noite, depois que ela chega em casa”, conta.

Foi nesses cursos que mãe e filha aprenderam mais sobre acesso aos serviços públicos, finanças pessoais e, com o pouco que ganham, conseguiram fazer uma poupança. “Ela trabalha, eu apoio cuidando de minha neta. E assim temos conquistado nossas coisas, pouco a pouco. Agora estamos terminando nossa casa aqui no Brasil. Conseguimos isso sozinhas”, comemora. “É uma casa pequena, mas que tem todas as comodidades que me permitem viver dignamente aqui no Brasil. Nós pagamos luz, pagamos água, pagamos todos os serviços. Então, temos o direito a uma moradia aqui.”

Confira no vídeo a seguir um pouco mais sobre essa história de conquistas: