Declaração de Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora executiva da ONU Mulheres, no Dia Internacional das Mulheres de 2021

08.03.2021

Declaração de Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora executiva da ONU Mulheres, no Dia Internacional das Mulher de 2021

Mude o ritmo: mulheres na mesa de decisão

O Dia Internacional das Mulheres este ano chega em um momento difícil para o mundo e para a igualdade de gênero, mas em um momento perfeito para lutar por uma ação transformadora e para saudar as mulheres e a juventude por sua busca incansável pela igualdade de gênero e direitos humanos. Nosso foco está na liderança das mulheres e no aumento da representação em todas as áreas onde as decisões são tomadas – atualmente principalmente por homens – sobre as questões que afetam a vida das mulheres. A universal e catastrófica falta de representação dos interesses das mulheres já existe há muito tempo.

Enquanto abordamos as dificuldades extraordinárias que a COVID-19 trouxe a milhões de mulheres e meninas e suas comunidades, também olhamos para as oportunidades sólidas do Fórum Geração Igualdade e Coalizões de Ação, para trazer mudanças.

Durante a pandemia, vimos o aumento da violência contra mulheres e meninas e a perda de aprendizagem das meninas, à medida que aumentam as taxas de evasão escolar, as responsabilidades com os cuidados e os casamentos infantis. Estamos vendo dezenas de milhões de mulheres mergulhando na pobreza extrema, pois perdem seus empregos a uma taxa maior do que os homens e pagam o preço pela falta de acesso digital e habilidades. Esses e muitos outros problemas não podem ser deixados sozinhos para os homens resolverem. No entanto, embora existam exceções notáveis, na maioria dos países simplesmente não há massa crítica de mulheres em posições de tomada de decisão e liderança para garantir que essas questões sejam apresentadas e tratadas de forma eficaz e isso afetou o ritmo de mudança para as mulheres em geral.

Há avanços a serem celebrados, onde as mulheres assumiram o comando de organizações como a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu e esperamos mais nomeações desse tipo que ajudem a mudar a imagem de como é uma liderança. No entanto, esta não é a regra. Em 2020, como média global, as mulheres eram 4,4% dos CEOs, ocupavam apenas 16,9% dos assentos do conselho, representavam apenas 25% entre parlamentares nacionais e apenas 13% entre negociadores de paz. Atualmente, apenas 22 países têm uma mulher como chefa de Estado ou de Governo e 119 nunca passaram por isso – algo que tem consequências importantes para as aspirações das meninas em crescimento. Na trajetória atual, não veremos paridade de gênero no cargo mais alto antes de 2150.

Isso pode e deve mudar. O que é necessário é vontade política para apoiar ativa e intencionalmente a representação das mulheres. As lideranças podem definir e cumprir metas de paridade, inclusive por meio de nomeações para todos os cargos executivos em todos os níveis de governo, como ocorreu nos poucos países com gabinetes de gênero igual. Medidas especiais podem funcionar; onde os países estabeleceram e aplicaram cotas, eles fizeram um progresso real na liderança das mulheres, assim como aquelas que têm políticas para abordar a representação. Onde essas medidas não existem, o progresso é mais lento ou mesmo inexistente e facilmente revertido.

Nenhum país prospera sem o envolvimento das mulheres. Precisamos de uma representação feminina que reflita todas as mulheres e meninas em toda a sua diversidade e habilidades e em todas as situações culturais, sociais, econômicas e políticas. Esta é a única maneira de obtermos uma mudança social real que incorpore as mulheres na tomada de decisões como iguais e beneficie a todos nós.

Esta é a visão da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a visão da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim. É a visão da sociedade civil e de multidões de jovens que já estão liderando o caminho e de todas aquelas pessoas que se juntarão a nós nas Coalizões de Ação pela Geração Igualdade. Precisamos de ações ousadas e decisivas em todo o mundo para trazer as mulheres para o centro dos espaços de tomada de decisão em grande número e como parceiras plenas, para que possamos fazer progresso imediato em um mundo mais verde, igualitário e inclusivo.