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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

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FAO, ONU Mulheres e UNFPA acordam plano para promover os direitos das mulheres rurais na América Latina e no Caribe



16.10.2023


O acordo se concentra na defesa política e de políticas de alto nível para acelerar a redução da lacuna de gênero no acesso a recursos produtivos e na cobertura rural de serviços de atendimento, saúde sexual e reprodutiva e violência baseada em gênero.

FAO, ONU Mulheres e UNFPA acordam plano para promover os direitos das mulheres rurais na América Latina e no Caribe/mulheres rurais

Foto: FAO / Monica Castaño

Santiago, Chile, 4 de outubro de 2023 – A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a ONU Mulheres e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) assinaram um plano de trabalho conjunto de dois anos para acelerar o progresso da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres rurais na América Latina e no Caribe.

As mulheres rurais enfrentam vários obstáculos à independência e à estabilidade econômica. Em situações de crise, as mulheres rurais são mais afetadas pela falta de acesso a recursos, serviços e informações; pelo pesado ônus do trabalho doméstico e de cuidados não remunerados; e por normas sociais tradicionais discriminatórias.

Globalmente, as mulheres rurais representam um terço da população e 43% da força de trabalho agrícola. De acordo com a FAO, as mulheres são responsáveis por mais de 20% do emprego agrícola na América Latina e no Caribe.

Na América Latina, as mulheres gastam três vezes mais tempo com trabalho doméstico e cuidados não remunerados do que os homens. Além disso, há uma diferença significativa entre as mulheres das áreas urbanas e rurais, sendo que as últimas gastam de 3 a 10 horas a mais do que as mulheres das áreas urbanas.

O plano de ação proposto por essas três agências da ONU está estruturado em duas áreas. A primeira é a defesa política e de políticas de alto nível para acelerar a redução da lacuna de gênero no acesso aos recursos produtivos (terra, água, pesca) para a obtenção da segurança alimentar e nutricional na América Latina e no Caribe, dentro da estrutura dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2 (Fome Zero) e 5 (Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres).

A segunda prioridade será promover a cobertura rural de serviços de atendimento, saúde sexual e reprodutiva e violência de gênero na região e a produção de dados e informações sobre as mulheres rurais no âmbito dos sistemas agroalimentares, incorporando dados sobre sua autonomia física, econômica e de tomada de decisões.

O trabalho conjunto será desenvolvido com um enfoque interseccional, priorizando os povos indígenas e afrodescendentes, a idade e os fatores de mobilidade humana, bem como a mobilização dos recursos necessários para viabilizar as ações conjuntas nos territórios e nas comunidades.

“A colaboração entre a FAO, a ONU Mulheres e o UNFPA contribuirá para enfrentar as desigualdades de gênero e a insegurança alimentar e nutricional, complementando as ações que apoiam os processos de empoderamento das mulheres rurais na América Latina e no Caribe. Trabalharemos juntos para reduzir as lacunas de gênero no acesso aos recursos produtivos, melhorar a autonomia econômica das mulheres e a resiliência climática, e alcançar sistemas agroalimentares mais sustentáveis e inclusivos em toda a região”, disse o diretor-geral adjunto da FAO e representante regional para a América Latina e o Caribe, Mario Lubetkin.

“Esse plano de ação com a FAO e o UNFPA está alinhado com a estratégia regional da ONU Mulheres para alcançar a autonomia econômica e o acesso a sistemas de cuidados integrais para as mulheres rurais na América Latina e no Caribe. Para a ONU Mulheres, é muito importante que todos os esforços dos governos da região para reduzir a pobreza, a desigualdade e a fome, bem como as políticas produtivas, agroalimentares e ambientais, incorporem uma perspectiva de gênero e abordem a discriminação enfrentada particularmente pelas mulheres rurais, indígenas, afrodescendentes e móveis”, disse Cecilia Alemany, Diretora Regional Adjunta da ONU Mulheres para as Américas e o Caribe.

“Garantir a autonomia das mulheres rurais é uma tarefa prioritária que não pode ser adiada, e é uma tarefa que definitivamente devemos fazer juntos. A assinatura do acordo contribui e dá sentido às ações anteriores; é muito importante fortalecer esse tipo de colaboração em nível regional. As situações e os problemas com os quais trabalhamos são complexos, pois refletem várias dimensões e, portanto, exigem esforços coletivos. Todos os sistemas alimentares sustentáveis estão profundamente enraizados na vida cotidiana das famílias e, especialmente, das mulheres, no sentido de que questões como a mortalidade materna tiveram retrocessos na região, retornando a situações básicas em que as mulheres morrem no parto ou no pós-parto, o que está intimamente relacionado ao estado nutricional das mulheres”, argumentou Susana Sottoli, Diretora Regional do UNFPA para a América Latina e o Caribe