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Brasil

Guterres: multilateralismo deve resistir aos desafios de hoje e do futuro



20.11.2019


Em discurso no Fórum da Paz de Paris, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o multilateralismo deve se adaptar para responder aos desafios de hoje e de amanhã, lembrando que “os conflitos persistem, criando sofrimento e deslocamento”. Sua fala aconteceu enquanto celebrações do fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, aconteciam em diversos países.

Guterres: multilateralismo deve resistir aos desafios de hoje e do futuro/

Em discurso no Fórum da Paz de Paris, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o multilateralismo deve se adaptar para responder aos desafios de hoje e de amanhã, lembrando que “os conflitos persistem, criando sofrimento e deslocamento”. Sua fala aconteceu enquanto celebrações do fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, aconteciam em diversos países.

 

Em discurso no Fórum da Paz de Paris, na segunda-feira (11), o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o multilateralismo deve se adaptar para responder aos desafios de hoje e de amanhã, lembrando que “os conflitos persistem, criando sofrimento e deslocamento”. Sua fala aconteceu enquanto celebrações do fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, aconteciam em diversos países.

Traçando paralelos com a realidade geopolítica do início do Século 20, Guterres afirmou que a situação atual não é nem bipolar, unipolar ou multipolar, mas é “caótica e incerta”. Ele disse que hoje os conflitos não são mais entre Estados soberanos, e sim conflitos assimétricos, nos quais os países são frequentemente confrontados com atores não estatais. Para o secretário-geral, quando há interferência de uma terceira parte, estes conflitos tomam dimensões regionais, numa época em que as relações entre os países mais poderosos estão disfuncionais e com um Conselho de Segurança que é frequentemente paralisado.

Para ele, o multilateralismo deve estar em rede e próximo às pessoas, trabalhando de mãos dadas com organizações regionais, mas também com instituições financeiras internacionais, bancos de desenvolvimento e agências especializadas. Também deve ser inclusivo com a plena participação da sociedade civil – jovens, empresas, círculos acadêmicos e filantrópicos – e combater a desigualdade de gênero, com uma estratégia para alcançar a paridade bem antes de 2030.

Sua fala também destacou que a prevenção de conflitos é mais indispensável do que nunca, citando vínculos crescentes com uma nova forma de terrorismo global, como visto na Líbia e na região do Lago Chade, e o perigo de proliferação nuclear. Ele pediu que as causas sejam investigadas, bem como a prevenção de novas tensões e conflitos.

Guterres explicou que a cooperação internacional é a única maneira de resolver essas questões, e, por essa razão, a prevenção e a mediação de crises, bem como uma estrutura para combater o extremismo violento e reforçar a paz e a segurança internacional estão no centro das reformas das Nações Unidas.

Riscos – Durante o discurso, o secretário-geral também destacou que o mundo enfrenta cinco grandes riscos. O primeiro é uma “linha de pênalti” econômica, tecnológica e geoestratégica, que vê o planeta dividido em dois, com as duas maiores economias dividindo o mundo entre si, cada uma impondo suas próprias regras financeiras e econômicas em suas esferas de influência.

“Devemos fazer de tudo para evitar essa ‘Grande Fratura’ e preservar um sistema global, uma economia universal que respeite o direito internacional, um mundo multipolar com instituições multilaterais sólidas”, afirmou.

O segundo risco aponta a relação entre população e governos, levando a uma onda de demonstrações ao redor do mundo, demonstrando uma crescente desconfiança em instituições e líderes políticos. “O povo está sofrendo e quer ser ouvido”, declarou.

Isso leva para o terceiro risco: uma lacuna de solidariedade e aumento de atitudes voltadas para dentro, nas quais os mais vulneráveis – minorias, refugiados, migrantes, mulheres e crianças – são os primeiros a sofrer.

“O medo de estrangeiros está sendo usado para fins políticos. Intolerância e ódio estão se tornando comuns. Pessoas que perderam tudo estão sendo responsabilizadas por todos os males do mundo. Isso agrava a polarização da vida política e o risco das sociedades divididas”, alertou.

O quarto risco é a crise climática, uma “corrida contra o tempo pela sobrevivência de nossa civilização, uma corrida que estamos perdendo”. Guterres descreveu temperaturas recordes, calotas de gelo recuadas, desertos expandidos e tempestades destrutivas como sintomas da situação climática, iguais aos que ele testemunhou na República Dominicana, Moçambique e Bahamas.

“Se deixarmos de agir agora, a história lembrará que tínhamos todos os meios necessários para lutar, mas que optamos por não fazer nada”, declarou Guterres.

Uma divisão tecnológica é o quinto risco global porque embora a nova tecnologia tenha o potencial de ser uma ferramenta poderosa para a paz e o desenvolvimento sustentável, ela também pode acelerar desigualdades. Soluções apontadas pelo secretário-geral incluem sistemas de educação que integrem educação ao longo da vida, porque é necessário não apenas aprender mas “aprender a aprender”.

Ao falar sobre o aumento do discurso de ódio e a manipulação de informação, Guterres informou que planeja fazer da ONU um lugar no qual governos, empresas, pesquisadores e sociedade civil possam se reunir para definir juntos limites e regras de melhores práticas.

A ameaça de ataques cibernéticos e uma nova corrida de “armas cibernéticas” envolvendo robôs assassinos e armas autônomas também devem ser enfrentadas, alertou Guterres. “Máquinas com poder e método para matar sem intervenção humana são politicamente inaceitáveis e moralmente desprezíveis”, afirmou a liderança da ONU. Segundo ele, o mundo deve assegurar que a inteligência artificial seja usada para garantir que todos possam viver em dignidade, paz e prosperidade

Por fim, o chefe da ONU pediu uma “visão estratégica sustentada” para resolver os desafios interdependentes e de longo prazo do mundo, observando que a comunidade internacional tem mostrado que pode se unir e enfrentar os desafios. “Então, vamos lutar, brigar e não desistir”.