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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

No Fórum Geração Igualdade, deputada federal Joênia Wapichana defende agenda de sustentabilidade e apoio às mulheres indígenas para superação da Covid-19



02.07.2021


Fórum Geração Igualdade visa afirmar investimentos, programas e políticas de igualdade de gênero ousados e iniciar uma jornada de ação de cinco anos, com base em um Plano de Aceleração Global para a Igualdade de Gênero. Encontro segue até esta sexta-feira (2/7), em Paris

 

Acesso ao site global e ao site na versão em Português|  Programação (em Espanhol) 

 

Assista ao vídeo da parlamentar  

 

Primeira e única mulher indígena eleita deputada federal no Brasil, a voz da parlamentar Joênia Wapichana (Rede-RR) se somou ao Fórum Geração Igualdade Paris, que segue até esta sexta-feira (2/7), com o propósito de lançar uma série de ações concretas para alcançar um progresso imediato e irreversível em direção à igualdade de gênero. Este encontro global centrado na sociedade civil para a igualdade de gênero, é convocado pela ONU Mulheres e co-organizado pelos governos do México e da França. 

Em vídeo exibido no painel paralelo “Crises e oportunidades: Mulheres indígenas na pandemia, ocorrido nessa quinta-feira (1/7), a parlamentar brasileira relatou a realidade das mulheres indígenas brasileiras. Uniu-se ao debate moderado por Tarcila Rivera Zea, presidenta executiva do Fórum Internacional de Mulheres Indígenas (Fimi), com presença da jovem ativista indígena da Guatemala, de “As Meninas Lideram” (tradução livre de “Las Niñas Lideran) Yeleny Juárez, da ministra de Culturas, Descolonização e Despatriarcalização da Bolívia, Sabina Cruz; da ministra de Relações Exteriores do Panamá, Erika Mouynes; e da diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe, María Noel Vaeza. 

Para a parlamentar brasileira, o Fórum Geração Igualdade “é um evento muito importante para as mulheres indígenas e os povos indígenas de todo o planeta. É importante que nós discutamos e debatamos o impacto da Covid-19 entre nós, porque as mulheres somos uma parte muito vulnerável nos povos indígenas. Os povos indígenas já sofreram muito o impacto da pandemia pela vulnerabilidade da pandemia e a vulnerabilidade histórica e social”, considerou no vídeo 

A deputada federal elencou o aprofundamento da vulnerabilidade com que as mulheres indígenas brasileiras estão enfrentamento a pandemia da Covid-19 diante do acirramento de conflitos em territórios indígenas e ameaças aos recursos naturais, fundamentais para a sobrevivência dos povos indígenas. “Nossas mulheres passam por muitos desafios: assegurar a proteção da terra e território e garantir acesso aos recursos naturais para as novas gerações. E, nesse tempo, em que há uma crise sanitária, em que a vida é prioridade, as mulheres tentam manejar todos esses problemas e impactos para que também possam resguardar a proteção à vida ao mesmo tempo em que sofrem ataques sistemáticos ao processo de violência de invasão das terras indígenas, pelos conflitos e disputas de recursos naturais”, disse.  

No Fórum Geração Igualdade, deputada federal Joênia Wapichana defende agenda de sustentabilidade e apoio às mulheres indígenas para superação da Covid 19/

 

Na coordenação da Frente Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, Wapichana ressaltou o papel estratégico das lideranças e da participação das mulheres indígenas em suas comunidades e na articulação política no Brasil e no exterior. “As mulheres estão à frente da luta, porque são responsáveis pelo manejo, proteção, educação, saúde, proteção da medicina tradicional, sobrevivência natural e por manter a família. Então, é importante que as mulheres indígenas possam ter espaço de diálogo e propor medidas específicas em termos de políticas públicas e dizer o que está acontecendo e qual é a solução. Muitas vezes, vamos nos deparar com problemas de espaço de representação, mas não esmorecemos”, acrescentou.

Diante das várias crises com que os povos indígenas se deparam desde os primórdios do Brasil, a deputada federal Joênia Wapichana lembrou o histórico: “Nosso povo é povo que resiste há mais de 521 anos tanto combatendo o processo de colonização e mais este momento. As mulheres mostram a sua sabedoria e as suas propostas neste momento de crise climática, crise sanitária, crise social, porém sempre resistem ao processo de colonização. É importante também que a ONU Mulheres tenha uma proposta de apoio ao processo de organização das mulheres indígenas em todo o mundo, especialmente no Brasil”.  

Realidade das mulheres indígenas na América Latina e Caribe – “Para que tenhamos uma abordagem de gênero adequada, nós, mulheres indígenas, precisamos fazer parte ativamente das tomadas de decisão”, disse Tarcila Rivera Zea ao iniciar os debates do evento paralelo.  

A ministra boliviana de Culturas, Descolonização e Despatriarcalização abordou os efeitos da pandemia Covid-19 entre os povos indígenas no seu país. “Antes da pandemia, nós, mulheres de comunidades indígenas, tínhamos nossos próprios negócios. Agora, nem nossos direitos básicos a educação e saúde estão sendo assegurados”, constatou Sabina Cruz. O empoderamento econômico das mulheres indígenas foi defendido pela ministra das Relações Exteriores do Panamá. “É particularmente importante visibilizar temática do empoderamento econômico das mulheres. Precisamos trabalhar de forma acertada, concreta e com foco nas mulheres indígenas, e em seu papel contra a discriminação de gênero, a má nutrição infantil e na luta contra as mudanças climáticas”, afirmou Erika Mouynes. 

A jovem ativista indígena guatemalteca Yeleny Melody Juárez, de “As Meninas Lideram”, reiterou o espaço de participação e diálogo das mulheres jovens. Partindo da sua liderança, ela enfatizou que continuará a “incentivar meninas e adolescentes a olharem para as nossas ancestralidades. Buscando conhecimento no passado para poder avançar no futuro.”

Pela ONU Mulheres, a diretora regional para Américas e Caribe frisou que as mulheres indígenas precisam ser priorizadas na resposta dos países da região à pandemia Covid-19. “Temos que ter consciência de que estamos enfrentando uma discriminação interseccional. A pandemia não deu origem a desigualdades em nossa região, apenas piorou as existentes, pois já havia uma discriminação profunda contra as mulheres e, em particular, contra as mulheres das comunidades nativas.  Durante a pandemia, um dos principais problemas foi o acesso aos cuidados de saúde, pois a maioria das pessoas que prestam assistência são mulheres, e não havia um sistema estruturado que pudesse dar apoio a elas”, avaliou Maria Noel Vaeza. 

Fórum Geração Igualdade – Mais de 25 anos após o marco histórico da Declaração e do Plano de Ação de Pequim, nenhum país até hoje pode alegar ter alcançado a igualdade de gênero.   

O Fórum Geração Igualdade representa um momento chave para as defensoras e os defensores da igualdade de gênero de todos os setores da sociedade – governos, sociedade civil, setor privado, empreendedores e empreendedoras, sindicatos, artistas, academia e influenciadoras e influenciadores sociais – para impulsionar ações urgentes e responsabilidade pela igualdade de gênero em todo o mundo.