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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Para o Dia Internacional da Mulher Afro-latinoamericana, Afro-caribenha e da Diáspora, autoridades públicas e especialistas em setor privado destacam inclusão econômica de mulheres negras



25.07.2020


Por meio de vídeos, gravados para o programa regional Ganha-Ganha: Igualdade de Gênero Significa Bons Negócios, vice-presidenta da Costa Rica e especialistas em empoderamento econômico chamam governos e setor privado para reforçar as iniciativas para o empoderamento econômico das mulheres negras na América Latina e Caribe

 

Na véspera do Dia Internacional da Mulher Afro-latinoamericana, Afro-caribenha e da Diáspora, celebrado em 25 de julho, a vice-presidenta da Costa Rica, Epsy Campbell, e duas especialistas negras em setor privado trazem mais elementos sobre a importância da ferramenta da interseccionalidade para a inclusão econômica de mulheres negras. Por meio de vídeos, gravados para o programa regional Ganha-Ganha: Igualdade de Gênero Significa Bons Negócios, gerido pela ONU Mulheres e pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e financiado pela União Europeia na Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Jamaica e Uruguai, elas chamam governos e setor privado para reforçar as iniciativas para o empoderamento econômico das mulheres negras.

A vice-presidenta da Costa Rica, Epsy Campbell, assinala o sentido político da data. “O Dia da Mulher Afro-latinoamericana, Afro-caribenha e da Diáspora é um dia de levantar a bandeira da justiça e da igualdade. É um dia para reconhecer o aporte que as mulheres negras nos dão no desenvolvimento das nossas comunidades, dos nossos países e do mundo inteiro. É um dia para debater sobre as lacunas, que existem em nossa realidade. É um dia para construir democracias inclusivas, solidárias e sem discriminação”.

De acordo com Campbell, a liderança do movimento de mulheres negras tem sido decisiva para fazer avançar debate político, respostas de países e compromissos de empresas e sociedades com o fim do racismo. “As mulheres negras garantiram o desenvolvimento das comunidades negras. Mas também são as mulheres negras que deram um passo à frente para lutar contra o racismo, a discriminação racial e todas as formas de discriminação”. Para a autoridade costarricense, a situação de exclusão das mulheres negras na América Latina e Caribe requer mais resposta do poder público à proteção e à garantia de direitos: “Temos que assumir compromissos, como sempre temos feito, de continuar este percurso por direitos humanos, igualdade e justiça para entregar às gerações futuras um mundo cheio de inclusão, em que todas as pessoas sejam tratadas iguais. E onde, as meninas negras tenham, desde o momento em que nascem, a certeza de poder se realizar como pessoas, de cumprir os seus sonhos e ter garantidos todos os seus direitos”.

Dirigindo-se às mulheres negras latino-americanas, caribenhas e da diáspora negra, a vice-presidenta da Costa Rica evoca ancestralidade e identidade das mulheres negras. “É importante que sintamos orgulho das nossas ancestrais e daquelas que deram passos antes do que nós. E aquelas que tiveram que enfrentar obstáculos maiores do que enfrentamos. Hoje, é um dia para comemorar, mas é também um dia para celebrar a nossa maravilhosa identidade de mulheres negras”, completa.

Inclusão econômica das mulheres negras – Na liderança da Rede Mulher Empreendedora, primeira e maior plataforma de apoio ao empreendedorismo feminino do Brasil, e do Instituto Rede Mulher Empreendedora, Ana Fontes, avalia que “a situação das mulheres afro-latino-americanas não melhorou e que é preciso é mais ação”. Para ela, há mais sensibilização sobre o tema e “a gente precisa mais agir. A gente já sabe quais são os gaps”. Ana Fontes sugere medidas para inclusão das mulheres negras incluí-las no processo de seleção, comprar de empresas lideradas por mulheres negras, criar um círculo virtuoso, orientar e investir em instituições que apoiam as mulheres afro-latino-americanas”.

Fontes considera que “se a sociedade não só se sensibilizar, mas agir para mudar a situação das mulheres negras, nós vamos conseguir”.

Interseccionalidade como ferramenta – A compreensão das sucessivas discriminações que recaem sobre as mulheres negras, baseadas no racismo, sexismo e outras formas de opressão, é determinante para a busca de soluções que impeçam a continuidade das exclusões que impossibilitam ou limitam direitos econômicos, empoderamento econômico e trabalho decente para as mulheres negras.

Ana Bavon, sócia-fundadora da B4People, afirma que um dos avanços percebidos na região, nos últimos anos, é o reconhecimento da diversidade das mulheres latino-americanas. “Finalmente, compreendemos a multiplicidade e diversidade da mulher latino-americana. E as empresas compreendem essa realidade. Precisamos de ferramentas diferentes para avançar. Os pontos de partida são variados, e a nossa realidade se confunde entre toda a diversidade que compõe o nosso continente”, assinala.

Conforme Bavon, “uma das melhores práticas é a interseccionalidade como uma metodologia de trabalho, para entender como gênero, raça e classe estão interconectados e como fazê-lo para que todas as mulheres possam avançar. É necessário avaliar e entender como outras organizações avançaram juntando-se a associações que assinam os WEPs [Princípios de Empoderamento das Mulheres] e trabalham em conjunto com organizações como a ONU Mulheres.

Outro ponto destacado por Ana Bavon é o empoderamento de mulheres nas empresas. “Uma boa prática é a intenção da busca de querer promover líderes femininas e entender que o abismo social somente será superado quando tomarmos consciência de nosso poder de transformação.Pesquisas ativas e atração de talentos específicos são uma boa maneira de promover a liderança feminina e garantir que a igualdade de gênero seja alcançada por todas as mulheres na América Latina”, finaliza.

25 de Julho – Dia das Mulheres Negras – O 25 de julho – Dia Internacional da Mulher da Afro-latino-americana, Afro-caribenha e da Diáspora –, é data de mobilização desde 1992, quando da realização do 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, que também estabeleceu a criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas, Afro-caribenhas e da Diáspora.

O Dia Internacional da Mulher da Afro-latino-americana, Afro-caribenha e da Diáspora tem como finalidade promover e fortalecer a ação política das mulheres negras da região junto ao poder público por ações concretas para a eliminação do racismo e do sexismo.

No Brasil, o 25 de julho é parte do calendário oficial desde 2014 por meio da Lei nº 12.987/2014, resultado da articulação do movimento de mulheres negras, e celebra Tereza de Benguela, liderança quilombola contra a escravização de mulheres e homens africanos e afro-brasileiros. Neste contexto, o mês de julho é considerado um período de intensas atividades políticas, formativas e culturais para visibilizar as trajetórias e as contribuições das afro-latino-americanas e caribenhas.