Brasil ocupa a 133ª posição no ranking global de representação parlamentar de mulheres
15.04.2025
No ano que marca o 30º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, o mapa Mulheres na Política: 2025 mostra que a representação delas em parlamentos e ministérios segue estagnada. Brasil está abaixo da média regional

Mapa da ONU Mulheres e da UIP classifica os países quanto à representatividade de mulheres no Parlamento e nos ministérios.
Novos dados da União Interparlamentar (UIP) e da ONU Mulheres revelam um progresso limitado no alcance da igualdade de gênero na liderança política. A edição 2025 do mapa “Mulheres na política: 2025” mostra que os homens continuam a superar as mulheres em mais de três vezes nas posições executivas e legislativas em todo o mundo. O Brasil segue a tendência dos últimos anos e continua mal posicionado: o país ocupa a 133ª colocação no ranking global de representação parlamentar de mulheres e a 53ª posição no ranking de representação ministerial.
Apesar de as Américas apresentarem a maior proporção de mulheres parlamentares no mundo (35,4%), o Brasil tem índices muito abaixo da média do continente. Apenas 18,1% da Câmara dos Deputados é composta por mulheres, ou seja, 93 parlamentares. No Senado, elas são 19,8%, somando apenas 16 mulheres. Esses números colocam o país entre os piores desempenhos globais nesse quesito.
Nos ministérios, a situação é um pouco melhor: 10 das 31 pastas são comandadas por mulheres, o equivalente a 32,3% dos cargos ministeriais. Ainda assim, o Brasil está distante dos nove países que atingiram a paridade de gênero nos gabinetes, com 50% ou mais de mulheres ministras.
Download: Mapa de Mulheres na Política
Representação global estagnada
Globalmente, a presença feminina nos parlamentos subiu apenas 0,3%, alcançando 27,2% em relação ao ano anterior. Já nos ministérios, houve queda de 0,4%. Segundo Sima Bahous, diretora executiva da ONU Mulheres, o progresso não só é lento como está retrocedendo em várias partes do mundo. “Trinta anos após a Declaração de Pequim, a promessa de igualdade de gênero na liderança política permanece não cumprida. Não podemos aceitar um mundo onde metade da população seja sistematicamente excluída da tomada de decisões”, frisou.
Bahous também lembrou que cotas, reformas eleitorais e vontade política são soluções para desmantelar barreiras sistêmicas. “O tempo das medidas paliativas acabou. É hora de os governos agirem para garantir que as mulheres tenham um assento igual em todas as mesas onde o poder é exercido.”, destacou.
A Presidente da UIP, Tulia Ackson, classificou o ritmo de avanço como “glacial” e ressaltou a urgência de medidas concretas para garantir representação igualitária. O Secretário-Geral da UIP, Martin Chungong, defendeu o engajamento ativo de homens como parte da solução.
Mulheres liderando países ainda são exceção
Em 2025, apenas 25 países têm mulheres ocupando os cargos mais altos da liderança nacional, seja como chefes de Estado ou Governo, sendo que a Europa concentra a maioria desses casos (12 países). Ainda que 2024 tenha trazido marcos como a eleição de presidentas no México, Namíbia e Macedônia do Norte, 106 países seguem sem jamais terem tido uma mulher como líder. No Brasil, das 39 pessoas que assumiram a presidência do país, apenas uma era mulher.
Representação feminina entre ministros diminui
Em 1º de janeiro de 2025, a proporção de mulheres chefiando ministérios diminuiu para 22,9%, contra 23,3% no ano anterior. Além disso, apenas nove países, predominantemente na Europa, atingiram gabinetes com igualdade de gênero, com 50% ou mais mulheres ocupando cargos ministeriais. São eles Nicarágua (64,3%), Finlândia (61,1%), Islândia e Liechtenstein (60%), Estônia (58,3%), Andorra, Chile, Espanha e Reino Unido (todos com 50%).
Isso representa uma queda em relação a 2024, quando 15 países tinham gabinetes com igualdade de gênero. Há ainda 20 países onde a representação feminina entre ministros varia entre 40% e 49,9%, com metade desses países na Europa. Nove países, principalmente na Ásia e no Pacífico, não têm mulheres servindo como ministras, um aumento em relação aos sete países de 2024.
A Europa e a América do Norte (31,4%), e a América Latina e o Caribe (30,4%), têm as maiores proporções de mulheres ministras. Por outro lado, as mulheres estão significativamente sub-representadas na maioria das outras regiões, com números regionais tão baixos quanto 10,2% nas Ilhas do Pacífico (excluindo Austrália e Nova Zelândia) e 9% na Ásia Central e Ásia Meridional.
Ainda, o mapa de 2025 mostra que, enquanto as mulheres lideram importantes pastas ligadas a direitos humanos, igualdade de gênero e proteção social, os homens dominam áreas como os relações exteriores, orçamento e defesa.
O mapa “Mulheres na Política” foi lançado durante a 69ª sessão da Comissão sobre o Status da Mulher, o principal fórum da ONU sobre igualdade de gênero, e pode ser acessado aqui. Para consultar as versões em inglês, francês e espanhol, acesse aqui.
Sobre a UIP
A UIP é a organização global dos parlamentos nacionais. Foi fundada em 1889 como a primeira organização política multilateral do mundo, incentivando a cooperação e o diálogo entre todas as nações. Hoje, a UIP compreende 181 parlamentos nacionais membros e 15 órgãos parlamentares regionais. Ela promove a paz, a democracia e o desenvolvimento sustentável, ajudando os parlamentos a se tornarem mais fortes, jovens, verdes, inovadores e equilibrados em termos de gênero. Também defende os direitos humanos dos parlamentares por meio de um comitê dedicado composto por parlamentares de todo o mundo.
Sobre a ONU Mulheres
A ONU Mulheres é a organização da ONU dedicada à igualdade de gênero e ao empoderamento das mulheres. Como defensora global das mulheres e meninas, a ONU Mulheres foi estabelecida para acelerar o progresso no atendimento às suas necessidades em todo o mundo.