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Brasil

Articulando mulheres negras amazônidas rumo a Marcha das Mulheres Negras 2025 – Durica Almeida e as novas gerações de ativistas junto ao Instituto de Mulheres Negras do Amapá



10.11.2023


Articulando mulheres negras amazônidas rumo a Marcha das Mulheres Negras 2025   Durica Almeida e as novas gerações de ativistas junto ao Instituto de Mulheres Negras do Amapá/

Roberta Sodré, Durica Almeida e Yasmin Bentes: três gerações de mulheres negras amazônidas, três gerações de defensoras de direitos humanos.

Maria das Dores do Rosário Almeida, mais conhecida como Durica, é sócia-fundadora do Instituto de Mulheres Negras do Amapá (IMENA), organização que desde 2000 atua contra o sexismo, o racismo, a injustiça social e todas as formas de discriminação, especialmente na busca efetiva dos direitos humanos da população afrodescendente. O legado de Durica Almeida, amapaense, com raízes na comunidade tradicional, negra e ribeirinha de Macapá, passa pela resistência e mobilização para incidência política, e é modelo de ação para jovens ativistas amazônidas, principalmente na busca pelo fortalecimento do trabalho em rede. 

Componente da Articulação de Organizações de Mulheres Negras (AMNB), o IMENA tem trabalhado para fortalecer suas capacidades institucionais para a incidência e articulação em rede de mulheres negras nos estados do Amapá, Tocantins e Pará. Além disso, a organização atua na ampliação de ações estratégicas para a construção da II Marcha das Mulheres Negras que ocorrerá em 2025.  

Enquanto coordenadora do projeto “Mulheres Negras da Amazônia em Movimento”, Durica, que é ambientalista, mestra em Desenvolvimento Sustentável junto aos Povos e Terras Tradicionais, e licenciada e bacharela em Economia Doméstica, tem o fundamento de suas ações políticas voltado para a sustentabilidade das causas em que atua. Nesse sentido, ela investe na discussão e construção de espaços e formação para meninas e jovens mulheres negras, reforçando também a importância das relações intergeracionais na construção da II Marcha. 

“A Marcha até então é muito pensada no nível de mulheres e jovens adultas, e não a partir das meninas, então a ideia é envolvê-las”, explica Durica Almeida, contando que muitas jovens desconheciam a origem da Marcha das Mulheres Negras. Durante uma das ações previstas no projeto “Mulheres Negras da Amazônia em Movimento”, realizado em agosto de 2023 no Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA) em Belém, houve a possibilidade de reafirmar para as jovens como se originou a Marcha Nacional em 2015, e o processo que passaram, “especialmente enquanto mulheres da Região Amazônica na construção da própria Marcha, que sai da Amazônia”, complementa.  Na ocasião, também foi possível refletir a luz do normativo internacional e doméstico sobre as violações de direitos que atingem meninas e jovens negras e sobre a necessidade de garantir sua plena participação nos movimentos, inclusive na preparação para a Marcha Nacional das Mulheres Negras. 

Com a experiência de quem fez e continua fazendo história na luta pelos direitos da população afrodescendente nacional e internacionalmente, e principalmente no Amapá e região amazônica, Durica celebra a força do encontro intergeracional e a potencialização de forças com a juventude de mulheres amazônidas. 

 

O impacto na juventude amazônida na atuação pela igualdade de gênero e raça 

A partir da parceria entre AMNB e IMENA, pelo menos três gerações estão tendo oportunidade de troca e construção de suas incidências políticas, em especial da II Marcha Nacional das Mulheres Negras. Representando os estados do Amapá, Tocantins e Pará, o grupo articulado e movimentado tem inspirado e conduzido comunicação, alinhamentos políticos e estratégias de ação. 

Yasmin Bentes, 21 anos, é formada em Letras e especialista em Educação Especial Inclusiva, e conheceu o IMENA durante as campanhas das eleições de 2022, em que atuavam em campanhas para eleição de mulheres negras. “O ponto de virada para mim foi justamente quando eu percebi que nós precisávamos estar ocupando esses espaços de poder e se articulando em rede. Me impressionou, me deu ânimo e garra entrar para o movimento dessas mulheres que se engajam e constroem uma rede de solidariedade a partir da luta”, conta Yasmin que afirma saber que o processo para a II Marcha é intenso, mas celebra fazer parte da rede que já vem alinhando objetivos conjuntos de agora até 2025 e para além. “O compartilhamento em rede, principalmente com companheiras de outros estados, é importante porque a gente consegue alinhar nossas pautas, e fortalecer umas às outras nas trocas com tantas mulheres”, complementa a jovem.  

Roberta Sodré, uma das jovens que participou do encontro em Belém, acaba de completar 30 anos e ainda integra o Coletivo de Juventude Negra do CEDENPA. Sodré já tem expectativas para em 2 anos, quando ocorrerá a II Marcha Nacional: “Desejo estar mais ativa na luta e torço para que possamos estar felizes com os marcos do CEDENPA, bem como de todas as instituições que compõem a AMNB, em uma sociedade mais disposta à reflexão sobre igualdade racial”. 

 IMENA e Conectando Mulheres, Defendendo Direitos  

Atualmente, o IMENA atua como organização articuladora da rede de organizações de mulheres negras nos estados do Pará, Amapá e Tocantins, levando novas organizações filiadas à AMNB. O projeto “Mulheres Negras da Amazônia em Movimento”, implementando pelo IMENA, é um dos projetos realizados em parceria com ONU Mulheres no âmbito do projeto “Conectando Mulheres, Defendendo Direitos”, iniciativa da ONU Mulheres Brasil financiada pela União Europeia visa a fortalecer solidariedade, habilidades e comunicações entre as defensoras de direitos humanos para o alerta precoce e autoproteção contra ameaças e violência contra mulheres e meninas, e tem como objetivos: 1. Garantir que as defensoras de direitos humanos se beneficiem de espaços seguros para desenvolver ações coletivas, defesa e estratégias de proteção em todas as regiões do país; e 2. Influenciar o alcance público para abordar estereótipos prejudiciais e discurso de ódio.