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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Conheça a criptomoeda brasileira que trabalha para ajudar causas humanitárias



07.10.2018


Para mostrar que equidade de gênero e respeito são valores necessários cotidianamente, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou que 2018 seria o Ano da Mulher Rural

 

Conheça a criptomoeda brasileira que trabalha para ajudar causas humanitárias/

 

No início da civilização, o comércio era feito na base do escambo, ou seja, pela troca de mercadorias. Criado no século VII a.C., o dinheiro surgiu com o intuito de facilitar as trocas comerciais. Atualmente, a materialização de valores mais conhecida é a cédula, ou nota. Mas a cédula não tem um dono específico, não existe um nome atrelado a ela. Ao entregar o papel para alguém não existem garantias de qual será seu fim. Entretanto, imagine a ideia de conseguir anexar uma identidade à nota? Ou um contrato? Para que assim, o proprietário saiba exatamente a trajetória percorrida por seu dinheiro. Logo, uma pessoa na América do Sul poderia investir em projetos na África sem nenhuma preocupação.

De acordo com as estimativas mais recentes do Banco Mundial existem cerca de 2 bilhões de pessoas não-bancarizadas em todo o mundo. Elas sofrem com a falta de acesso a crédito ou a empréstimos comerciais, o que limita severamente as possibilidades de crescimento econômico. Pressionados por taxas de juros imprevisíveis, empréstimos predatórios e uma incapacidade de estabelecer crédito, os produtores locais não-bancarizados, muitas vezes, não conseguem acessar o capital necessário para expandir seus negócios e estabelecer uma segurança financeira significativa.

Com isso em mente, a mineira Taynaah Reis, de 30 anos, descobriu na tecnologia um meio de ajudar, de conectar pessoas que querem investir e as que precisam de investimento. Em 2017, a primeira criptomoeda brasileira de sucesso foi criada com o propósito de abordar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Por intermédio do Programa Moeda Semente, a Moeda facilita o acesso ao crédito. Com isso, eles podem crescer e trazer desenvolvimento às suas comunidades. Por meio da transparência da tecnologia blockchain (tipo de base de dados distribuída que guarda um registro de transações permanentes e à prova de violação), pessoas do mundo todo podem investir com agilidade e transparência nos empreendimentos, participando do crescimento sustentável, em uma nova relação de confiança em que pessoas investem em pessoas.

A CEO destaca que os bons resultados da Moeda são a concretização de um sonho. “Hoje a Moeda tem mais de 3.000 investidores, em sua maioria chinesa. Ou seja, o pessoal do outro lado do mundo pode investir nos projetos selecionados pelo nosso Programa Moeda Semente. Então é bonito de ver. É uma realização pessoal. Digo mais, para mim é uma missão de vida. Poder viver o meu sonho para ajudar o sonho de muitas outras pessoas. É uma realização que não tem preço. ”

Os empreendimentos selecionados, chamados Projetos Semente, recebem apoio também em áreas técnicas, de negócios e de sustentabilidade por meio do Programa Moeda Semente. Como é o caso da Cooperval, presidida por Dona Divina, a qual recebeu investimento de cerca de nove países diferentes.

Uma cerveja para mudar o futuro

O primeiro Projeto Semente acontece no interior de Goiás, numa cooperativa a 50 quilômetros da cidade de Formosa: a Cooperval, que reúne 170 famílias. Há 10 anos, as mulheres da cooperativa recuperam a história do Cerrado em forma de receitas tradicionais que usam para criar pães, geleias e doces com frutos nativos. Além disso, produzem hortaliças e polpas de fruta. Os alimentos abastecem escolas municipais da região por meio de programas do governo.

A Cooperval mandou um projeto para a Moeda financiar o crescimento da produção — eles precisavam de máquinas e equipamentos. Mas o time técnico identificou que a comunidade teria poucas condições de pagar de volta o financiamento. O ideal seria aumentar a capacidade dessas mulheres de pagarem o investimento. Dessa forma, nasceu o Projeto Semente Cooperval Cerveja Artesanal.

O projeto está focado num dos frutos nativos que a cooperativa processa, o baru, castanha com sabor parecido ao do amendoim, que vende a US$ 13 o quilo. Para aumentar esse valor, a ideia foi produzir uma cerveja artesanal com o fruto. O Programa Moeda Semente desenvolveu um plano de negócios, fechou parceria com uma cervejaria local, contratou sommeliers e se tornou co-brander da “Dona Divina Baru Beer”. E o valor enviado pelos investidores desse projeto vai viabilizar um empréstimo de US$ 8.000. A meta é produzir 1.500 garrafas, cada uma a ser vendida por 8 dólares. Com o lucro, a cooperativa vai poder pagar o financiamento com taxas em dezembro de 2018 e os investidores vão receber bônus de 10% em MDABRL (token Moeda atrelado ao valor do Real).

Para Formosa, a receita da cerveja vai ajudar em várias frentes. A Cooperval vai poder compras máquinas para aumentar a produção de hortaliças e implantar um sistema de gotejamento que usa pouca água e pouquíssima energia elétrica. Também vai adquirir equipamento para beneficiar o baru, permitindo aumentar o lucro da venda do fruto in natura. Além disso, a cooperativa poderá desenvolver a produção de mudas do baru e difundir seu plantio junto a mais de 3.000 famílias de agricultores familiares da região. O baru, que hoje beira a extinção, pode deixar de ser extrativismo e se tornar atividade comercial ambientalmente relevante. O replantio da cultura nativa garante a sustentabilidade da produção e a renovação do solo.

Outra parte importante desse e de todos os próximos investimentos da Moeda é a implantação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU. Esse projeto, em particular, aplica os Objetivos de números 9, 10 e 12. Além de aumentar a rentabilidade das famílias da cooperativa, o investimento impacta a comunidade a longo prazo, criando as raízes de uma cultura sustentável que é a base para o crescimento constante, segurança alimentar e referência para outros empreendedores de impacto.

Na outra ponta do projeto estão investidores do mundo todo. Eles usam os MDAs (criptomoeda da Moeda) para realizar o investimento de forma ágil e simples. A transação acontece toda na plataforma Moeda e permite que os apoiadores acompanhem todos os passos com a transparência oferecida pela tecnologia blockchain.

Tudo isso traduz o posicionamento da Moeda de ser mais que uma plataforma tecnológica. A missão da marca é humanizar as finanças para distribuir impacto. Os investidores têm transparência no investimento e, ao mesmo tempo, transparência na relação pessoa-pessoa; eles podem conhecer a Dona Divina, entender a realidade da Cooperval e saber exatamente que impacto seu apoio vai proporcionar. É uma nova relação de confiança que extrapola os produtos do sistema bancário tradicional. O blockchain acaba sendo veículo para redefinir uma relação de confiança que atua no processo de troca de valores e também no envolvimento entre investidor e empreendedor de impacto.

O Projeto Semente Cooperval Cerveja Artesanal tem previsão para ser finalizado em dezembro de 2018. A data vai ser marcada com um evento em que Dona Divina fará o pagamento do aporte inicial. Nessa época, a Moeda vai apresentar os resultados e lançar os novos investimentos.

15 dias pela autonomia das mulheres rurais

Os papéis desempenhados pelas mulheres rurais são tão numerosos quanto suas lutas e vitórias. O que não faltam são histórias de vida inspiradoras. No entanto, ainda não possuem o reconhecimento merecido. Sofrem com o preconceito, com a desigualdade de gênero e com outros problemas que herdaram da vida. Ainda há um longo caminho para o equilíbrio de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. A fim de mostrar que equidade de gênero e respeito são valores necessários cotidianamente, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou que 2018 seria o Ano da Mulher Rural.

Pensando nisso, a partir do primeiro dia do mês de outubro, iniciamos, no portal, uma série de matérias que fazem parte da Campanha Regional pela Plena Autonomia das Mulheres Rurais e Indígenas da América Latina e do Caribe – 2018. Serão 15 dias de ativismo em prol das trabalhadoras rurais que, de acordo com o censo demográfico mais recente, são responsáveis pela renda de 42,2% das famílias do campo no Brasil.

Carolina Gama
Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário
Contatos: (61) 2020-0120 e imprensa@mda.gov.br