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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

ONU Mulheres se reúne com organizações esportivas e setor privado para fortalecer compromisso pela inclusão de meninas e mulheres no esporte



21.05.2022


Com apresentação de Carol Barcellos e participação da ex-ginasta Daiane dos Santos, evento online apresentou diagnósticos e boas práticas para promover a equidade de gênero no ambiente esportivo 

 

ONU Mulheres se reúne com organizações esportivas e setor privado para fortalecer compromisso pela inclusão de meninas e mulheres no esporte/uma vitoria leva a outra

Foto: ONU Mulheres/Lucía Prieto

 

A ONU Mulheres promoveu na última quinta-feira (19/5) o webinário “Chamada para Ação: por mais meninas e mulheres no esporte”, que reuniu representantes de organizações esportivas, clubes de futebol, representantes do setor privado e da mídia para discutir ações para promover maior acesso e a permanência de meninas e mulheres ao esporte. O evento apresentou um diagnóstico dos atuais desafios para alcançar a equidade de gênero nas principais entidades que gerem o esporte no Brasil e no mundo, mas também boas práticas que já vêm sendo implementadas nesse sentido. O encontro foi realizado no marco do programa “Uma Vitória Leva à Outra”, iniciativa conjunta entre a ONU Mulheres e o Comitê Olímpico Internacional em parceria com a ONG Empodera, que chega ao fim de sua segunda fase em 2022 e  busca novas parcerias para seguir impactando positivamente a vida de meninas e jovens mulheres em territórios socialmente vulneráveis. 

Na abertura  do webinário, Ana Carolina Querino, Representante Adjunta da ONU Mulheres Brasil, enfatizou o chamado para ação e a responsabilidade coletiva de tornar o esporte um ambiente mais igualitário e inclusivo em termos de gênero e raça. “O esporte é uma ferramenta para promover saúde física e mental, maior bem-estar, mas ele se relaciona com outras esferas que estão diretamente ligadas aos direitos: direito de praticar o esporte, de fazê-lo em pé de igualdade, de forma não excludente, e de ocupar espaços de poder e decisão no ecossistema esportivo. Por isso, o esporte é visto como uma forma de promover o empoderamento de meninas e mulheres. Nós estamos aqui para reconvocar atores e atrizes do ecossistema esportivo para que possamos seguir nessa caminhada da promoção da equidade de gênero no esporte e por meio dele.”   

Para embasar a criação de ações e estratégias que promovam uma mudança efetiva e duradoura, além de convocar as organizações para repensar suas políticas de inclusão de gênero, é fundamental ter um panorama realista da atual situação. A pesquisadora Bárbara Pires, consultora da ONU Mulheres para esporte e gênero, apresentou dados preliminares da pesquisa “Políticas de igualdade de gênero e inclusão das mulheres: mapeamento das organizações esportivas nacionais e internacionais”, que será lançada em breve pela ONU Mulheres e que traz um diagnóstico das políticas e ações de inclusão de gênero que vêm sendo adotadas pelas principais organizações esportivas. Segundo os dados, apenas 11 federações internacionais e 10 confederações olímpicas brasileiras cumprem a meta do COI de ter 30% dos cargos de gestão ocupados por mulheres. 

Apesar de o diagnóstico indicar uma situação ainda longe do ideal, o evento também pontuou as boas práticas que já vêm sendo implementadas por distintos setores, inclusive em parceria com a própria ONU Mulheres, que vê o esporte como importante ferramenta para transformação social e por isso tem buscado parcerias com o setor esportivo para que compartilhem do compromisso em prol da equidade entre homens e mulheres. A Gerente do Programa Uma Vitória Leva à Outra (UVLO), Gabriela Bastos, apresentou os resultados e o impacto deste projeto que é reconhecido como um legado da Olimpíada do Rio 2016: na atual fase de implementação, foram mais de 1200 meninas atendidas e mais de 100 organizações treinadas na metodologia UVLO, que usa o esporte como ferramenta de empoderamento e de prevenção da violência de gênero.  

Entre as boas práticas apresentadas também estiveram as ações promovidas pelas próprias entidades esportivas, como a criação de departamentos para promover políticas sensíveis a gênero. Isabel Swan, coordenadora da área Mulher no Esporte do Comitê Olímpico do Brasil (COB), destacou as ações da entidade que rege o movimento olímpico brasileiro, como a parceira com a ONU Mulheres para a criação do Curso de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e Abuso no Esporte (PEAAE), que busca conscientizar atores do ecossistema esportivo sobre o tema do assédio, do abuso e da violência de gênero em ambientes esportivos. O COB também promoveu a criação de políticas específicas para tornar o esporte mais seguro para mulheres, a incorporação de indicadores e metas de gênero e a produção de cartilhas informativas, como explicou Swan, mostrando que embora o caminho pela frente ainda seja longo, é importante dar os primeiros passos. 

[Quebra da Disposição de Texto]O setor privado também mostrou as ações que tem adotado para promover a equidade de gênero no esporte. Representando o Pacto pelo Esporte, união entre empresas patrocinadoras do esporte brasileiro, a Diretora Executiva Daniella Castro pontuou o caráter integrativo e estrutural da questão. “Estamos trabalhando por uma mudança sistêmica, uma mudança em políticas, em indicadores. E é sempre algo de muito longo prazo, mas que tem a possibilidade de uma escala muito grande.” 

o Pacto pelo Esporte atua por meio da criação de ferramentas de auto regulamentação, visando contribuir para que entidades esportivas pratiquem uma gestão profissional, com integridade, transparência e governança,  

[Quebra da Disposição de Texto]O webinário destacou também a importância fundamental da mídia nesse processo. Joana Thimóteo, Diretora de Eventos Esportivos da Globo, falou sobre os objetivos e os resultados que a empresa já acumula na promoção da equidade de gênero tanto em suas políticas internas quanto no aumento da visibilidade às mulheres no esporte. “A Globo contratou dezenas de profissionais mulheres, comprou direitos de competições femininas e, em 2019, transmitiu a Copa do Mundo pela primeira vez na TV aberta. E vem muito mais por aí. É uma decisão que a gente precisa tomar,  enquanto empresa, principalmente. E a gente tomou essa decisão.”  

[Quebra da Disposição de Texto]A importância de dar maior visibilidade para atletas mulheres e, assim, promovê-las como modelos de referência e inspiração para outras meninas também foi abordado pela ex-ginasta Daiane dos Santos, que, ao lado de Rebeca Andrade, é modelo de referência do programa Uma Vitória Leva à Outra. Rebeca já disse em diversas entrevistas que começou a treinar inspirada por Daiane e, hoje, as duas compartilham a responsabilidade de serem exemplos e promoverem a causa por uma maior inclusão de meninas no esporte. “Quem não é visto, não é lembrado. A nossa responsabilidade é criar cada vez mais um ambiente seguro, um ambiente de valorização, de visibilidade, equidade e direitos adquiridos. Um ambiente onde a mulher possa ser o que ela quiser. A palavra educa, mas o exemplo arrasta.”

Ações como estas trazem força e esperança para o desenvolvimento de uma realidade de igualdade de gênero dentro do esporte. Sobre isso, Daiane dos Santos projeta: “Que a gente possa ver cada vez mais nossas estrelas brilhando. Que a gente possa formar dentro do esporte brasileiro uma constelação de mulheres atletas.” Sem deixar nenhuma menina e nenhuma mulher para trás.  

 

Sobre o UVLO  

Uma Vitória Leva à Outra (UVLO) é um programa conjunto entre a ONU Mulheres e o Comitê Olímpico Internacional em parceria com a ONG Empodera cujo principal objetivo é utilizar o esporte como ferramenta para a promoção da igualdade de gênero, do empoderamento de meninas e mulheres e da eliminação da violência contra elas. O programa trabalha para a desconstrução de estereótipos nocivos de gênero que impedem meninas e mulheres de exercer seus direitos de forma integral e desenvolver plenamente seu potencial. Reconhecido como um legado dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o UVLO proporciona o acesso à prática esportiva de qualidade, combinado à realização de oficinas de desenvolvimento de habilidades para a vida. Além disso, capacita organizações comunitárias que atuam com esses mesmos objetivos. Desde sua implementação, em 2015, o programa UVLO beneficiou mais de 2.000 adolescentes em 11 territórios em situação de vulnerabilidade do Rio de Janeiro, e teve mais de 150 organizações comunitárias treinadas em sua metodologia.