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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Paridade de gênero na política exige consciência e ação em favor das mulheres, revelam especialistas na websérie #Brasil5050



03.09.2018


Websérie documental #Brasil5050, da ONU Mulheres Brasil, revela anseios de especialistas, ativistas e parlamentares pela democracia paritária, incentivo às candidaturas de mulheres, responsabilidade de partidos políticos, alerta ao eleitorado brasileiro para voto consciente e caracterização da violência política

Playlist #Brasil5050 no canal do Youtube da ONU Mulheres Brasil

Confira: Norma Marco da Democracia Paritária | Nota sobre Democracia Paritária

 

Consciência sobre a desigualdade de gênero na política e ação em favor do empoderamento político das mulheres são algumas das medidas identificadas por ativistas e especialistas de gênero em episódio sobre paridade de gênero nas eleições 2018 da websérie #Brasil5050, da ONU Mulheres Brasil.

Creuza Oliveira, secretária-geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas e membra do Grupo Assessor da Sociedade Civil Brasil da ONU Mulheres, resume o percurso para a participação política das mulheres. “A gente tem que fazer um trabalho de conscientização da sociedade brasileira, resgatar a autoestima das mulheres para que aceitem colocar o seu nome para a disputa de um cargo parlamentar e também nos outros espaços de poder. A gente tem que mobilizar toda a sociedade para poder, todas e todos, assumirem essa pauta da agenda 50-50”, avalia ela, que também integra o Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030.

No bojo da paridade de gênero, as mulheres negras vêm buscando mais representatividade política, mas enfrentam as barreiras do sexismo e do racismo para se lançarem como candidatas e serem eleitas. Quem conta é Clátia Vieira, do Fórum Nacional de Mulheres Negras e integrante do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, parceiro da ONU Mulheres: “Nas últimas quatro eleições, a gente tem observado um número maior de mulheres negras candidatas. Mas ainda não conseguimos identificar mulheres negras eleitas. E isso é muito ruim para um país 50-50, porque se não tem mulher negra no processo, fica difícil alguém assumir compromisso com essas pautas”.

As eleições 2018 registram crescimento de 9,2% de negras e negros candidatos, ou seja, 12.651 candidaturas contra 11.580 em 2014. Conforme Clátia, interesses e demandas da população negra ainda não são absorvidos pelo conjunto de candidaturas. Deste modo, recaem sobre as mulheres negras as possibilidades de abordar as questões de gênero e raça com foco na mudança de realidade de exclusão de negras e negros. “Quando a gente leva as nossas pautas negras para o Legislativo e para o Executivo, a gente tem que percorrer todo um processo de convencimento. Não deveria ser assim. Por isso, é importante ter mulheres negras nesses espaços para que possam garantir as nossas pautas e transformar as vidas do nosso povo preto”, adiciona.

Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, explica que “um Brasil 50-50 precisa 50% de mulheres e 50% de homens no Legislativo”, frisando o diferencial das mulheres na política. Para ela, o eleitorado precisa despertar para as candidaturas de mulheres. “Nós temos no país, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, candidatas mulheres que estão pensando no social. Isto é, na saúde, na educação, na segurança pública. Vamos votar nas mulheres. Vamos prestar atenção nas campanhas de mulheres, porque nós temos candidatas ótimas nesse país. Não é possível ter um parlamento de 90% de homens. Isso é uma vergonha para o Brasil”, pondera.

Maria Inês Barbosa, militante do movimento negro, questiona que país é construído sem as mulheres e a população negra nos espaços de poder. Para ela, um Brasil 50-50 é “um Brasil includente, um Brasil que combata e elabore políticas públicas que promovam a justiça, a igualdade, de gênero, racial e tantas outras. Então, tem que ser uma plataforma que não seja a mesma que ai está, porque a mesma não nos favorece”, frisa.

Ativista histórica do movimento feminista, Liége Rocha, da União Brasileira de Mulheres, recupera que o aumento da participação política das mulheres está previsto no Plano de Ação de Pequim. “Quando nós tivemos a 4ª Conferência Mundial da Mulher, da qual em participei, lá já dizia nos seus documentos finais: ‘os partidos têm que ter atenção especial para que as mulheres tenham participação mais efetiva’. Em decorrência dessa conferência, nós tivemos no Brasil uma primeira campanha ‘Mulheres sem Medo do Poder’, em 1996, que era exatamente um estímulo a essa participação das mulheres”, resgata.

A advogada Luciana Lóssio avalia que “hoje, os espaços para acesso das mulheres aos partidos está facilitado por meio de decisões do Tribunal Superior Eleitoral, do Supremo Tribunal Federal. Todas e todos nós buscamos um Brasil melhor. Portanto, mulheres, venham para a política”.

Para Givânia Silva, da Coordenação Nacional de Comunidades Negras Quilombolas e integrante do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, o espaço político é estratégico para as mulheres. “É um lugar onde você pode protagonizar um conjunto de pautas locais e nacionais, que em outros espaços não se consegue”, afirma.

#Brasil5050: paridade de gênero na política – Parte das expectativas das mulheres brasileiras para as eleições 2018 e pela igualdade de gênero na política – especialistas em política, gênero, raça, parlamentares e ativistas – são o mote da websérie documental #Brasil5050 da ONU Mulheres Brasil, com cerca de 90 depoimentos que serão publicados nas redes sociais da ONU Mulheres Brasil e do projeto Cidade 50-50 até o final do ano. Os episódios revelam: anseio pela democracia paritária por meio de um #Brasil5050, incentivo às candidaturas de mulheres, responsabilidade de partidos políticos, alerta ao eleitorado brasileiro para voto consciente e caracterização da violência política.

 

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