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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Pesquisa aponta que mulheres venezuelanas enfrentam mais dificuldade de integração socioeconômica no Brasil do que homens



03.07.2025


Estudo conduzido por ACNUR, ONU Mulheres e UNFPA com 1.415 respondentes destaca crescimento na renda e no emprego das mulheres venezuelanas, mas mostra que elas seguem em desvantagem no acesso a direitos básicos

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Mesmo com avanços importantes na integração das pessoas venezuelanas, pesquisa revela desigualdades de gênero na inserção laboral e no acesso a serviços essenciais. Foto: ONU Mulheres/Lali Mareco

Ações de acolhimento e integração da população venezuelana no Brasil ainda necessitam de maior articulação com outras políticas públicas, em diferentes níveis de governo, com atenção a questões que envolvem mulheres e meninas, aponta pesquisa “A estratégia de interiorização para refugiadas, refugiados e migrantes da Venezuela no Brasil: construindo evidências para informar a formulação de políticas responsivas ao gênero”, conduzida pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), ONU Mulheres e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA),
com o apoio do Governo de Luxemburgo.

A apresentação dos dados será realizada na próxima segunda-feira (07/07), na Fundação Oswaldo Cruz, em Brasília, às 9h00. O evento é aberto para a imprensa, mediante cadastro prévio pelo e-mail pedro.nogueira@unwomen.org ou telefone (61) 99811-7461.

A pesquisa revela avanços importantes na integração das pessoas venezuelanas interiorizadas de forma voluntária de Boa Vista – desde abril de 2018, mais de 150 mil pessoas venezuelanas foram realocadas para mais de 1100 cidades brasileiras. Como resultado, destaca-se o aumento de 12% no rendimento médio mensal individual e de 8% no rendimento domiciliar per capita. Ao mesmo tempo, os dados mostram que, ainda que haja avanços, persistem as desigualdades entre homens e mulheres na inserção laboral e no acesso a serviços essenciais, especialmente para
mulheres e famílias monoparentais.

Entre os principais resultados, destacam-se:
● Seletividade nos critérios: homens sem filhos e com maior nível educacional têm mais chances de conseguirem oportunidades para interiorização voluntária de Roraima para outros estados.

● Mulheres enfrentam mais vulnerabilidades: elas são maioria entre as chefes de famílias monoparentais e apresentam maiores taxas de desemprego e informalidade.

● Avanços no mercado de trabalho: houve redução no tempo médio sem trabalho (de 6,7 para 4,7 meses), com destaque para a melhora da inserção laboral das mulheres ao longo do tempo, ainda aquém quando comparado ao tempo médio dos homens.

● Educação e língua: apesar de avanços entre pessoas interiorizadas, crianças e adolescentes abrigados ainda enfrentam mais dificuldades de acesso à escola. A compreensão do idioma português melhorou, especialmente entre mulheres.

● Saúde reprodutiva: cresceu o uso de métodos contraceptivos, mas persistem barreiras no acesso ao pré-natal e à prevenção de câncer entre mulheres abrigadas.

● Insegurança alimentar e discriminação: aumentaram entre as mulheres abrigadas e entre as pessoas interiorizadas em geral.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que atualmente, a população venezuelana forma o maior grupo estrangeiro no Brasil, com 271,5 mil pessoas. A maioria das pessoas que foram interiorizadas expressa o desejo de permanecer no Brasil, evidenciando o potencial da estratégia de interiorização, desde que acompanhada de políticas públicas robustas e sensíveis às desigualdades de gênero integradas e atentas para a inclusão social e laboral dessas pessoas.

Sobre a pesquisa – Iniciada em 2021, como um dos resultados do Programa Conjunto Moverse, iniciativa do ACNUR, da ONU Mulheres e do UNFPA, com o apoio do Governo de Luxemburgo, a pesquisa ocorreu em três fases de coleta de dados quantitativos: a primeira aconteceu entre maio e julho de 2021, a segunda ocorreu entre os meses de outubro e novembro de 2021 e a terceira entre agosto e novembro de 2023. Para fins de comparação, foram entrevistadas pessoas de origem venezuelana interiorizadas e pessoas residentes em abrigos em Boa Vista (RR).

Os estudos foram executados pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas (CEDEPLAR) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A mais recente edição da pesquisa destaca a necessidade urgente de articulação
entre a estratégia de interiorização e políticas sociais, de saúde, moradia, educação e trabalho em nível nacional e local, com foco especial na igualdade de gênero. O conteúdo completo da pesquisa pode ser consultado no site: www.onumulheres.org.br/pesquisa-moverse.

Curso de Lançamento – A apresentação dos dados da pesquisa ocorrerá durante uma oficina técnica voltada a servidoras e servidores públicos de diferentes ministérios e órgãos federais, com o objetivo de aprofundar a compreensão das dimensões de gênero na formulação e implementação de políticas públicas direcionadas a pessoas refugiadas e migrantes. A iniciativa busca fortalecer a atuação interinstitucional e promover abordagens mais inclusivas e sensíveis às especificidades, reconhecendo os múltiplos desafios enfrentados por mulheres e meninas no contexto do deslocamento forçado.

Serviço:
Apresentação de dados da pesquisa “A estratégia de interiorização para refugiadas, refugiados e migrantes da Venezuela no Brasil: construindo evidências para
informar a formulação de políticas responsivas ao gênero”
Data: 07 de julho de 2025
Local: Fundação Oswaldo Cruz (Avenida L3 Norte, s/n, Campus Universitário Darcy
Ribeiro, Gleba A, Brasília – DF)
Horário: 9h

Para mais informações sobre o lançamento da pesquisa, fale com:

• Pedro Nogueira – Oficial de Comunicação da ONU Mulheres
pedro.nogueira@unwomen.org / (61) 99811-7461

• Miguel Pachioni – Oficial de Comunicação do ACNUR Brasil
pachioni@unhcr.org / (61) 99914-4049

• Mariana Tavares – Oficial de Comunicação e Advocacy do UNFPA Brasil
mtavares@unfpa.org / (95) 98404-6100