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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Projeto Empoderando Refugiadas forma mulheres em Boa Vista e Curitiba



15.12.2022


Formaturas realizadas nas capitais de Roraima e do Paraná tiveram a participação de mulheres refugiadas e migrantes com deficiências, doenças crônicas, LGBTQI+ e acima de 50 anos para a empregabilidade em empresas

Projeto Empoderando Refugiadas forma mulheres em Boa Vista e Curitiba/noticias mulheres refugiadas mulheres migrantes moverse empoderamento economico

Participantes de Boa Vista (RR) receberam certificado de conclusão de capacitação concedido pelo SENAC (Foto: AVSI / Divulgação)

A formação da sétima edição do Empoderando Refugiadas se encerrou no mês dezembro com 103 mulheres capacitadas para o mercado de trabalho brasileiro. Destas, mais de 50 receberam certificado de conclusão de curso na última quinta-feira (8) em Boa Vista (RR) e outras 13 concluíram a formação em Curitiba (PR) nesta tarde (14), antes de participarem de uma feira de contratação. As turmas contemplaram a participação de mulheres com deficiência, doenças crônicas, LGBTQI+ e acima de 50 anos.

O projeto Empoderando Refugiadas é uma iniciativa realizada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Pacto Global da ONU no Brasil e ONU Mulheres. O objetivo é promover capacitação, empregabilidade e a interiorização de mulheres refugiadas e migrantes que buscam oportunidades de trabalho no Brasil.

Além dos cursos de preparação para o mercado de trabalho brasileiro oferecidos às mulheres, o projeto busca sensibilizar empresas para a importância de equipes diversas e inclusivas. Assim, mulheres podem ser interiorizadas de forma voluntária para outras cidades do Brasil já com uma vaga de emprego sinalizada, após entrevistas realizadas com empresas interessadas.

Esse é o caso da Egimar, que vive há três meses no Brasil e recebeu o certificado do curso de Processos Logísticos e Armazenamento em Boa Vista. Durante a cerimônia, ela comemorava também a vaga de emprego que conseguiu em no interior de São Paulo. “Vim para o Brasil pensando em trabalhar, crescer e buscar uma estabilidade. Tive a oportunidade de participar do projeto Empoderando Refugiadas e isso ajudou a aprender coisas novas e inovar meus conhecimentos. O projeto é muito importante porque a gente se sente produtiva, poderosa e que podemos fazer qualquer coisa que quisermos. É muito maravilhoso”, celebrou Egimar, que está já em o processo de interiorização.

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Egimar recebeu o certificado do curso de Processos Logísticos (Foto: AVSI / divulgação)

Betzys também esteve entre as formandas da sétima edição do Empoderando Refugiados em Roraima. Ela vive com uma deficiência que limita os movimentos no braço, mas não a sua capacidade de aprender, de trabalhar e de conseguir sua autonomia financeira no Brasil. “O projeto tem nos ajudado a conseguir um trabalho e seguir adiante. É algo bom porque, com o curso, podemos conseguir um emprego, ajudar a nossa família e ter a oportunidade de sermos interiorizadas. Quero seguir avançando e tenho em vista um futuro melhor no Brasil. O curso nos deu ânimo como mulheres, pois podemos chegar mais longe e temos capacidade para isso”, ressalta.

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Betzys recebeu o certificado do curso de capacitação e tem o desejo de ser interiorizada (Foto: AVSI / divulgação)

Iniciado em 2015 em São Paulo, o Empoderando Refugiadas chegou a Roraima para responder ao aumento do fluxo de pessoas refugiadas e migrantes vindas da Venezuela e, sobretudo, promover oportunidades para mulheres. Desde 2018, mais de 9 mil pessoas foram interiorizadas com vaga de emprego sinalizada, das quais apenas 29% são mulheres. Neste sentido, o projeto visa trabalhar junto com a Operação Acolhida para elevar a participação de mulheres nessa modalidade de interiorização.

Para Luis Lacortt, Chefe da subcélula de Vaga de Emprego Sinalizada da Operação Acolhida, as capacitações oferecidas são um diferencial para o empregador. “O curso capacita as beneficiárias venezuelanas e isso é muito importante porque, quando recebemos esse público capacitado, nós já apresentamos um diferencial para as contratações. Aumenta o interesse das empresas vendo que essas pessoas estão preparadas, e isso é bom para todos. Hoje, algumas mulheres que se formaram e receberam o certificado já estão em processo de interiorização pela vaga de emprego sinalizada”, destacou.

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Em Curitiba, 13 mulheres participaram da formação do Empoderando Refugiadas (© CAPR/Jonas Rodrigues da Silva)

De acordo com Camila Sombra, associada de Soluções Duradouras do ACNUR, o sucesso da iniciativa também está na diversidade e na inclusão. “O Empoderando Refugiadas destaca o potencial das mulheres refugiadas e migrantes para sua contratação, valoriza a transversalidade ao atender diferentes perfis de mulheres, em especial os que enfrentam mais dificuldade de inserção no mercado de trabalho, e incorpora na prática o investimento social e de resultados efetivos para as empresas”, destaca.

Para Mariana Salvadori, gerente de projetos da ONU Mulheres, iniciativas como o Empoderando Refugiadas conseguem chamar a atenção para demandas específicas ligadas a mulheres refugiadas e migrantes. “Muitas mulheres que participam dos cursos são as únicas responsáveis pelo sustento do lar e o cuidado de crianças. Há também aquelas que ficam nos abrigos com filhos e filhas enquanto apenas o marido consegue ser interiorizado com uma vaga de emprego. O Empoderando Refugiadas é uma forma de alcançar essas mulheres que, muitas vezes, possuem formação e experiência, mas mesmo assim tem dificuldades em acessar o mercado formal de trabalho”, afirma.

O setor privado tem participação fundamental no processo de inclusão de pessoas refugiadas no Brasil. “Preparar lideranças e colaboradores para entender o contexto de vida de pessoas refugiadas para então recebê-las e apoiá-las é um pilar essencial do Empoderando Refugiadas e isso passa pela compreensão que há necessidades e questões de vulnerabilidade e pertencimento muito específicas. A diversidade como valor transversal da cultura da empresa é o que propicia verdadeiro impacto no ambiente de trabalho, nos negócios e na vida das pessoas”, destaca Tayna Leite, gerente senior de Direitos Humanos do Pacto Global da ONU no Brasil.

A sétima edição do Empoderando Refugiadas contou com o patrocínio de Lojas Renner SA e Iguatemi, bem como com o apoio de AVSI Brasil, Fraternidade sem Fronteiras, Operação Acolhida, Aldeias Infantis, Círculos de Hospitalidade, Turma do Jiló, Copel e Cáritas Paraná. A metodologia é do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Para saber mais sobre os resultados do Empoderando Refugiados e as conquistas do projeto desde 2015, acesse: www.acnur.org.br/empoderando-refugiadas