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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Projeto “Empoderando Refugiadas” promove oportunidades educacionais entre refugiadas no Brasil



17.05.2017


Terceiro encontro em 2017 desta iniciativa do Pacto Global reuniu 20 mulheres em busca de qualificação para ingressar no mercado de trabalho brasileiro

 

 

Projeto “Empoderando Refugiadas” promove oportunidades educacionais entre refugiadas no Brasil/

Terceiro encontro do projeto “Empoderando Refugiadas” apresentou oportunidades existentes nas instituições de ensino técnico e superior no Brasil como forma de qualificar refugiadas para buscar novas oportunidades de emprego
Foto: Pacto Global/Fellipe Abreu

 

Ter uma educação mais qualificada faz a diferença na hora de conseguir trabalho no disputado mercado brasileiro. E para um grupo de mulheres refugiadas que vive em São Paulo, não falta esforço e dedicação para melhorar seu currículo.

Na semana passada, em São Paulo, refugiadas da Síria, República Democrática do Congo, Colômbia, Nigéria e Moçambique se encontraram em mais uma rodada do projeto “Empoderando Refugiadas” para conhecer oportunidades e estratégias de capacitação em universidades e outras instituições – e com isso aumentar suas chances de obter um bom emprego.

Este encontro propiciou às refugiadas estar em contato com a Universidade de São Carlos (UFSCar) e a Universidade Católica de Santos (UniSantos), que oferecem mecanismos de acesso diferenciado em seus cursos de graduação. Elas também se informaram sobre os cursos técnicos oferecidos para refugiados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). As refugiadas também tiveram sessões de mentoria de recursos humanos, vivência em atenção plena e uma oficina de maquiagem.

O projeto “Empoderando Refugiadas” tem contribuído para informar as refugiadas que vivem em São Paulo sobre as possibilidades existentes no estado para se capacitar e se qualificar em busca de novas conquistas para quem foi forçada a deixar seu país de origem.

“Estou no Brasil há dois anos e quero entrar na universidade para ter um emprego que me faça sentir orgulhosa. Estou descobrindo coisas que não sabia para abrir caminhos que possam me levar mais longe”, disse Maria, de 18 anos, solicitante de refúgio da República Democrática do Congo, que já participou de outros encontros do “Empoderando Refugiadas” neste ano. Assim como nos demais encontros, ela estava acompanhada da irmã e da mãe.

 

Projeto “Empoderando Refugiadas” promove oportunidades educacionais entre refugiadas no Brasil/

Maria, solicitante de refúgio da República Democrática do Congo, esclarece dúvidas sobre as oportunidades de acesso ao ensino técnico e superior para refugiados no Brasil, durante a realização do projeto “Empoderando Refugiadas”
Foto: Pacto Global/Fellipe Abreu

Representantes da UFSCar e da UniSantos explicaram às refugiadas seus mecanismos que facilitam a entrada em seus cursos de graduação. A UFSCar, que é uma universidade pública, destina aos refugiados que vivem no Brasil uma vaga em cada um dos seus 64 cursos de graduação, enquanto que a UniSantos lança, todo mês de janeiro, um edital que oferece três vagas com bolsa integral para esta população.

Ambas universidades integram a Cátedra Sérgio Vieira de Mello, coordenada pelo ACNUR para promover aos alunos matriculados o acesso à temática do refúgio e dos deslocamentos forçados por meio da oferta de conteúdo de diferentes disciplinas, além de possibilitar o acesso de pessoas refugiadas ao ensino superior.

A refugiada colombiana Angélica, que cursa psicologia na UFSCar, participou do encontro e recomendou o mundo universitário às demais mulheres. “Cheguei no Brasil com poucas malas e meus filhos pequenos. Entrar na universidade foi um recomeço para mim”, disse Angélica, que vive no país há mais de cinco anos. Após passar por Manaus, ela se estabeleceu em São Carlos e considera “muito boa” sua adaptação ao Brasil. “Mesmo com algumas dificuldades, você não pode perder a fé”, disse a refugiada, que tem hoje 41 anos de idade.

A refugiada moçambicana Lara, de 33 anos, ficou mais interessada nos cursos apresentados pelo SENAI, já que ela tem formação em Tecnologia da Informação e busca um curso mais rápido para aprimorar seus conhecimentos.

“Quero me aprofundar mais na minha área de formação, pois acredito que o mercado absorve mais facilmente quem detém conhecimentos específicos”, analisa Lara.

 

Projeto “Empoderando Refugiadas” promove oportunidades educacionais entre refugiadas no Brasil/

Lara é refugiada no Brasil e tem interesse em aprimorar seus conhecimentos para conquistar oportunidades de trabalho que sejam condizentes com sua área de formação inicial, realizada em Moçambique
Foto: Pacto Global/Fellipe Abreu

De acordo com avaliações feitas pelo ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), uma das principais demandas da população refugiada que vive no Brasil é revalidar seus diplomas universitários e dar continuidade a estudos para trabalhar em suas áreas de formação.

Nesse sentido, Nizreen, refugiada síria de 33 anos, reflete exatamente o quanto o projeto “Empoderando Refugiadas” tem lhe ajudado a obter novas conquistas profissionais. “As informações que recebemos aqui são muito valiosas, assim como o fato de conhecer outras mulheres e trocar experiências com elas. Sou técnica em engenharia civil e agora tenho um delivery de comida e doces árabes. Venho ao encontro para aprender mais sobre como empreender no Brasil e tem sido muito bom”.

Outras informações válidas para as refugiadas se referem aos cursos profissionalizantes que foram apresentados ao longo do encontro, como o curso de costura promovido pelas Lojas Renner; o projeto Conexão Varejo, do Carrefour; o curso de empreendedorismo realizado pelo Consulado da Mulher; e também os cursos de culinária e atividades culturais da plataforma de negócios sociais Migraflix.

Como a autoestima das mulheres refugiadas também é um elemento fundamental para sua valorização pessoal e profissional, a gerente de estratégia e comunicação social da Natura, Ana Carolina Soutello, falou às mulheres refugiadas sobre a importância de se sentirem bem consigo mesmas nesta longa caminhada pelo qual enfrentam. “Mais do que a beleza em si, precisamos ter generosidade pela forma do qual nós mesmas nos olhamos e julgamos porque isso impacta nosso humor e nossas relações”.

As refugiadas presentes no encontro também foram divididas em grupos de afinidade para ter um acompanhamento com profissionais de RH das empresas Facebook, Carrefour, Sodexo, Natura, Whirlpool, Lojas Renner e Consulado da Mulher. As mulheres participaram ainda de um workshop de atenção plena e uma oficina de maquiagem, quando receberam kits de comésticos da Natura.

Este terceiro encontro do projeto “Empoderando Refugiadas” aconteceu na sede da EMDOC, empresa especializada em consultoria jurídica de imigração e suporte na acomodação e adaptação de expatriados. O braço social da EMDOC é o Programa de Apoio para a Recolocação dos Refugiados (PARR), projeto voltado à reinserção das pessoas refugiadas no mercado de trabalho brasileiro, assim como elevar o conhecimento desse potencial às corporações.

O projeto Empoderando Refugiadas é coordenado pela Rede Brasil do Pacto Global, pelo ACNUR e pela ONU Mulheres. Tem como parceiros estratégicos a Caritas Arquidiocesana de São Paulo, a Fox Time Recursos Humanos, o ISAE e o Programa de Apoio para a Recolocação dos Refugiados (PARR). Além disso, conta com as seguintes empresas parceiras: Carrefour, EMDOC, Facebook, Lojas Renner e Sodexo. O próximo encontro acontecerá no dia 02 de junho, na sede do Facebook, em São Paulo.