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Brasil

Larissa Pankararu: a dedicação pelos direitos dos indígenas LGBTQIA+



18.05.2023


Larissa Pankararu: a dedicação pelos direitos dos indígenas LGBTQIA+/

Larissa Pankararu, coordenadora de políticas para indígenas LGBTQIA+ do Ministério dos Povos Indígenas, teve participação especial na programação do Acampamento Terra Livre (ATL) 2023. (Foto: ONU Mulheres/ Íris Cruz)

 “Eu cresci no movimento indígena, cresci na luta vendo minha vó, minha mãe e meus tios ocupando Brasília, saindo do nosso território e vindo até Brasília para falar sobre as nossas demandas e necessidades”. Essa é uma das primeiras memórias de luta pelos direitos dos povos indígenas de Larissa Pankararu. Ela sempre acompanhou o envolvimento da família com as pautas que viraram conquistas para o seu povo e, hoje, é coordenadora de políticas para indígenas LGBTQIA+ do Ministério dos Povos Indígenas.  

Neste mês de maio, também reconhecido pelo dia internacional contra a homofobia, transfobia e bifobia (17), Larissa Pankararu explica a importância de falar sobre as dificuldades enfrentadas por indígenas LGBTQIA+ em diferentes lugares, seja na comunidade, no movimento, nas articulações ou nos espaços de poder. Assim ela enfatiza: “Não somos diferentes, somos iguais, fazemos parte do território e pertencemos a um povo. Estamos juntos na luta. Não é porque somos indígenas LGBTQIA+ que isso muda. Os nossos encantados, a nossa espiritualidade nos respeita independente da nossa orientação sexual”.  

Como coordenadora de políticas para indígenas LGBTQIA+, ela afirma: “Aceitei a missão com a força dos encantados e nesse momento o que a gente precisa é dialogar, conversar com os nossos parentes e entender quais as nossas dificuldades e nossas necessidades e a nossa urgência. No momento, a nossa urgência é combater a violência. Nossos parentes têm morrido nas nossas comunidades por ser o que eles são: indígenas LGBTQIA+, e isso não pode ser normalizado”.  

Larissa nasceu em Pernambuco, nas proximidades do médio rio São Francisco, no município de Tacaratu. Em 2019, fez o vestibular para a Universidade de Brasília (UnB) e começou a cursar engenharia ambiental. “Foi uma dificuldade, porque sair do nosso território não é fácil. Eu vim pra capital, uma cidade totalmente desigual e que nos deixa desamparados em muitas situações. Porém, aqui eu me encontrei com o movimento indígena, com o movimento da política”, destaca.  

Ela conta que foi nas reuniões da Maloca, espaço de encontro dos estudantes indígenas da UnB, que passou a ter mais conhecimento e envolvimento sobre as necessidades e dificuldades dos povos indígenas: “Eu entendi que era urgente a gente estar ocupando esses espaços, do território à câmara e ao senado. É necessário e é urgente que a gente esteja lá, marcando presença, demarcando esses espaços que também são nossos”.  

Por Íris Cruz, consultora da ONU Mulheres Brasil  

iris.cruz@unwomen.org