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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

ONU Mulheres participa de evento virtual sobre empoderamento econômico de mulheres produtoras de algodão



27.03.2023


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O projeto +Algodão é uma iniciativa de cooperação Sul-Sul trilateral entre o Governo do Brasil, por meio da ABC, FAO e 7 países parceiros, com o objetivo de promover a cooperação técnica para o fortalecimento das capacidades institucionais e a inclusão socioprodutiva (Foto: Reprodução / Internet)

As mulheres representam mais de 40% da mão de obra no campo e são as responsáveis pela maior parte da produção de alimentos em todo o mundo, porém, elas vivenciam lacunas expressivas de gênero no exercício da profissão e encontram-se em situações de maior vulnerabilidade. Em alusão ao Dia Internacional das Mulheres, o projeto +Algodão, juntamente com a Rede Latino-Americana de Mulheres do Algodão, promoveu nesta sexta-feira (24), o evento regional online “Mulheres do Algodão: empoderamento econômico para cadeias de valor com foco em gênero transformador”. O evento contou com a presença de representantes da Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e ONU Mulheres Brasil.

Mariana Falcão, Analista de projetos da ABC, destacou a parceria com a ONU Mulheres, firmada através do Programa Caminhos para a Igualdade. “A ABC está trabalhando com estreita parceria com a ONU Mulheres para fortalecer políticas e ações de inclusão social para mulheres que trabalham com agricultura familiar, visando também o empoderamento delas na cadeia produtiva”. Segundo ela, a cooperação Sul-Sul é uma ferramenta importante para superar esses desafios.

Luiz Carlos Beduschi, Oficial Sênior de Políticas da FAO Américas, citou o projeto +Algodão como um dos principais exemplos de como a colaboração entre os países da região vem sendo fortalecida. Ele também enfatizou a importância da igualdade de gênero para a conquista da erradicação da fome, desnutrição e pobreza. “O papel da mulher rural é central nesse assunto. Se quisermos fazer sistemas alimentares mais significativos, temos que implementar ações focadas para que as mulheres rurais tenham mais oportunidades”. Beduschi também citou a necessidade da redução da carga horária de trabalho das mulheres. “Segundo dados da FAO, o trabalho das mulheres é 2,5 vezes maior que a dos homens nas tarefas domésticas e esse é um trabalho que não é remunerado e nem reconhecido”.

Livia Salles, gerente de projeto na ONU Mulheres Brasil, afirmou que empoderar economicamente as mulheres rurais é fundamental não apenas para o bem-estar das famílias e das comunidades, mas também é essencial para a economia em geral. Também citando os dados da FAO, Livia destacou que as mulheres rurais correspondem a 43% da mão de obra no campo em todo o mundo e são responsáveis por mais da metade da produção de alimentos”. Apesar disso, essas mulheres lidam com inúmeros desafios para ter autonomia econômica. “Elas enfrentam mais restrições que os homens no acesso à terra, água, insumos e também têm mais dificuldade de acessar tecnologias e créditos”, comentou Livia.

Além de terem mais dificuldade de acessar trabalho formal no campo, as mulheres são as responsáveis por grande parte do trabalho de cuidado, como citou Beduschi. Lívia destacou que “atividades como cozinhar, limpar, cuidar de crianças e idosos são historicamente atribuídas às mulheres e que esse trabalho feito junto às famílias e a comunidade é invisível, porém, gera uma sobrecarga física e mental e impacta diretamente o exercício da profissão”.

A ONU Mulheres atua no apoio às mulheres rurais para que elas possam exigir seus direitos à terra, a participação política e a oportunidades econômicas. “As mulheres rurais devem estar envolvidas ativamente no desenho de leis, políticas e estratégias governamentais que afetam as suas vidas. É fundamental trabalharmos para construir a autonomia econômica das mulheres rurais para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em especial o ODS 5”, comentou Lívia.

Adriana Gregolin, coordenadora do projeto +Algodão e Doriana Feulliade, representante da Rede Latino-americana de Mulheres do Algodão, fizeram apresentações sobre o projeto e temáticas que perpassam o trabalho das mulheres do campo. O evento está disponível na íntegra no Canal no Youtube “Food and Agriculture Organization of the United Nations”. Confira:

Dados sobre o setor – Segundo a FAO, no setor algodoeiro há um baixo percentual de responsabilidade e decisão das mulheres na propriedade rural, que não ultrapassa em média 12% no Peru e na Bolívia, ao contrário do Paraguai onde o percentual chega a 30%. Em relação ao gozo do direito de propriedade sobre a exploração agrícola, nos países existe uma diferença média de cerca de 63% em relação aos homens, observando que é quase impossível para as mulheres acessar a propriedade da terra; e o acesso a recursos financeiros e produtivos é crítico, evidenciando uma disparidade entre homens e mulheres na Bolívia e no Paraguai, o que afeta diretamente o empoderamento econômico e a autonomia das mulheres agricultoras e artesãs que participam da cadeia do algodão.

Sobre o projeto +Algodão – O projeto +Algodão é uma iniciativa de cooperação Sul-Sul trilateral entre o Governo do Brasil, por meio da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), FAO e 7 países parceiros, com o objetivo de promover a cooperação técnica para o fortalecimento das capacidades institucionais e a inclusão socioprodutiva de mulheres e homens na cotonicultura familiar, resultando no fortalecimento da cadeia de valor do algodão nos países da região.

No âmbito do projeto, é desenvolvida uma estratégia para a integração do enfoque de gênero, que inclui como passo fundamental o reconhecimento da realidade e do valor das mulheres e homens produtores de algodão nos países parceiros (Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Haiti, Paraguai e Peru). Nesse sentido, são realizados estudos quantitativos e qualitativos sobre a situação atual e as lacunas de gênero existentes, além de atividades para melhorar as capacidades das mulheres nos diferentes papéis que ocupam ao longo da cadeia de valor do algodão. Saiba mais.