ONU Mulheres participa de sessão temática sobre feminicídio e violência doméstica no Senado Federal
27.08.2025
A ONU Mulheres Brasil participou da sessão temática sobre violência doméstica e feminicídio realizada pelo Senado Federal na terça-feira (26), marcando o encerramento da Campanha Agosto Lilás. O evento reuniu autoridades, especialistas, ativistas e representantes de organizações da sociedade civil para debater as causas da violência contra a mulher e buscar propostas efetivas para reduzir os crimes e fortalecer a rede de proteção às vítimas.
Ana Teresa Iamarino, assessora sênior da ONU Mulheres no Brasil, destacou durante sua participação a necessidade de ações estruturantes que vão além da punição. “Infelizmente, a gente está hoje vivendo uma realidade de muito avanço nas normativas de punição, mas um aumento dos casos de violência. É preciso seguir com ações estruturantes, orientadas pela transformação dos estereótipos de gênero, que estão na base dessa nossa sociedade ainda patriarcal, ainda machista”, afirmou.
Durante sua intervenção, Iamarino enfatizou que a violência contra as mulheres tem origem em questões culturais profundas que naturalizam essa violência na sociedade brasileira. “O que está na origem dos feminicídios são a nossa cultura e a forma como a sociedade naturaliza a violência contra as mulheres”, explicou.
Ela destacou, ainda, a importância de implementar ações de prevenção primária, voltadas para a mudança das normas sociais, incluindo ações de educação com financiamento adequado, campanhas de sensibilização, mudança de atitudes e comportamentos e ações planejadas de acesso à justiça
Dados alarmantes exigem ação coordenada
Segundo a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher de 2023 do DataSenado, 30% das brasileiras já sofreram algum tipo de violência doméstica ou familiar. Os dados também revelam que 64% das vítimas de feminicídio são mulheres negras, e a faixa etária mais atingida é entre 18 e 44 anos, período de maior vínculo afetivo.
Ana Teresa Iamarino ressaltou que, apesar do Brasil possuir uma das legislações mais avançadas do mundo sobre o tema, incluindo a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, é necessário maior financiamento e ação coordenada entre os diversos setores para enfrentar efetivamente essa realidade.
A assessora da ONU Mulheres também destacou a necessidade de políticas públicas que considerem a interseccionalidade, garantindo que todas as mulheres, em todas as suas especificidades, sejam atendidas. “A gente teve uma redução do número de feminicídios para mulheres brancas, por exemplo, mas um aumento para as mulheres negras. Então a gente percebe a necessidade de que toda política pública garanta a interseccionalidade”, afirmou.
A sessão temática foi realizada a pedido da senadora Leila Barros (PDT-DF) e contou com a presença de representantes do Supremo Tribunal Federal e dos ministérios das Mulheres, da Justiça e dos Direitos Humanos e Cidadania.